sexta-feira, 27 de novembro de 2020

É branco ou Tinto? Cheio.

 


As pessoas comentam futebol como se aquela merda fosse matemática. Mais engraçado se pensarmos que depois do nono ano quase todos abandonam a dita.

Eu, sou camionista. Se percebesse de futebol seria treinador.

Em relação à bola, salvo raras excepções, limito os meus comentários à sabedoria que guardo acerca de vinhos: se sabe bem é bom, se sabe mal não presta.

Nunca consegui distinguir a merda dos taninos, muito menos as frutas vermelhas ou tão pouco as negras maduras. As bordas de cereja são um completo mistério, os sulfitos ou os aromas da maresia também. As especiarias nunca as encontrei, fossem marcadas ou subtis. Já a presença forte, nunca me deu para o encorpado. É sempre para a fraqueza nas pernas. A presença marcante, essa, só a encontro em copos cheios e acalcados. O amarelo-palha num vinho não me faz salivar – eu sei o que é palha e é coisa que não aprecio, muito menos no vinho – reflexos esverdeados ou rubis, passam-me ao lado que sou daltónico, e os aromas frutados de notas cítricas e florais fazem-me chorar pela estupidez do meu palato. Se o paladar for acídulo não lhe chamo vinho mas vinagre – não me parece boa propaganda para vender um vinho, mas eles lá sabem – já o final de boca deixa-me sempre a nostalgia do fim do orgasmo quando é bom e o alívio para a zurrapa.

«De cor vermelha e bordas violáceas, este vinho apresenta aroma de groselha e ameixas maduras com notas de chocolate. O paladar é de corpo médio, com bom volume em boca e taninos redondos, acompanhado de notas de cerejas negras. »


Nem a formação do Universo ou o sentido da vida me apresenta tantos mistérios como a quantidade de merdas que esta gente consegue encontrar num golo de vinho. Sou mesmo uma boçalidade.

 LOL! Taninos redondos é muito bom.

Agarrem na coisa e substituam vinho por chocolate, um bife, batatas, filetes de anchova, feijões ou grelos. Ou cona.

«de cor vermelha e bordas violáceas, esta cona apresenta aroma de groselha e ameixas maduras com notas de chocolate. O paladar é de corpo médio, com bom volume em boca (imaginem no pénis) e taninos redondos, acompanhada de notas de cerejas negras.»

Da mesma forma, nunca vi a defesa em quadrado ou o ataque em losango. Quanto à táctica confundo sempre o 4 3 3 com o 453,o 442 o 5321, o 334 ou o 2345. Só sei que são 11 mas só conseguem somar até 10 - por alguma razão deixaram os estudos para jogar à bola. Foras de jogo e faltas de intensidade relativa na bissetriz do retângulo da área ou do triângulo atacante, esquece. É muito complicado. No entanto sou fascinado pela força da técnica assim como  pela técnica da força, e não consigo encontrar um filho da puta  que me explique porque é que os jornalistas e comentadores insistem em substituir a quadragésima sétima internacionalização pela internacionalização quarenta e sete – lá está, talvez por terem deixado de estudar matemática no primeiro ciclo preparatório e também o português. Jogar em profundidade entre linhas com as linhas subidas a condicionar a pressão na saída para o contra ataque com a pressão dos alas na linha de ataque à entrada do segundo avançado no apoio ao segundo falso ponta de lança cheira-me a vinho marado. São somente 22 gajos atrás da bola e ás vezes marcam uns golos que vale bem a pena ver.

E o que me fode mesmo é andarem ali a trocar a bola dez minutos para trás e para a frente para depois a perder num passe desajeitado ou deixarem-na roubar dos pés por um adversário que se fartou de o ver ali parado a degustar frisantes do Vale do Tejo. Deixam-me o final da boca quadrado com aromas de cebola podre, paladar de batas estragadas e taninos de ovos ovais passados do prazo.

Nunca gostei de trabalhar para aquecer, mas já a beber dou-lhe um jeito .

-Oh Pacheco, é branco oun tinto?

- Cheio e acalcado.



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