segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

o estado da nação

O estado da Nação

     Já todos estamos cansados de ouvir falar em crise, muito embora nem todos a tenham sentido na pele todavia, e só mesmo a maioria da população comece agora a sentir os seus efeitos, num momento em que muitos países já estão em momento de retoma e em franco crescimento, Portugal como é costume estamos mais uma vez atrasados, a crise chegou tarde, o governo demorou uma eternidade a compreende-la, e mais tarde ainda tomou algumas medidas de recurso que em nada resolvem a situação catastrófica em que o país se encontra, e, é de notar que eu nem sou ‘’catastrofista’’, mas sim realista, e como sempre procuro ver as coisas com espírito crítico, tentando compreender as coisas como elas realmente são e não como me as querem fazer pintar.
    O momento que Portugal atravessa não é tão pouco uma crise económica, ou como diz o senhor ‘’engenheiro’’ Sócrates, a ‘’crise financeira internacional’’, esse dragão que voa sobre o nosso jardim à beira-mar plantado e nos queima o escalpe semeando a devastação pela mão deste governo de saloios e incompetentes, mas sim uma serie de muitas e profundas crises, económica, estrutural, social e cultural.
    Repare-se o que acontece neste momento na Tunísia e no Egipto, e já com a Argélia com medo de que o problema se possa alastrar às suas fronteiras a proibir toda e qualquer manifestação popular nas ruas. São países com baixos índices de educação nas suas populações, e altíssimos índices da presença do poder religioso nas vidas das pessoas, como uma forma de ditadura a fim de controlar melhor as massas, e os poucos esclarecidos que se possam insurgir contra o poder. São países em que as pessoas estão fartas da ditadura que os oprime e os faz passar fome, mas demasiado ignorantes para saber viver em democracia. Então o que fazer?
    Esta é a pergunta que se impõe também em Portugal, todos estes políticos da treta que tanto ‘’lutaram contra a ditadura e o fascismo’’, e que nada mais fazem do que governar os interesses pessoais e partidários, não fizeram muito melhor em 37 anos de democracia para além da liberdade de expressão, e em grande culpa porque de certa forma continuaram a manter em baixo os índices de conhecimento da população. Se antes era deus, pátria e família, agora é big brother, novelas e futebol.
     Foi Portugal pioneiro da globalização há 500 anos atrás, mas parece não ser capaz de se adaptar á globalização e às mudanças que o mundo sofre todos os dias, o conhecimento da humanidade evolui mais num dia hoje do que em toda a idade média, e o desafio é saber manter o ritmo das alterações, porque é isso que as crises nos ensinam, que é preciso alterar o que esta errado, mudar hábitos e leis estabelecidas como universais, o meu pai foi educado como o seu pai o tinha sido e o seu avô antes dele, mas eu já não fui educado da mesma forma, e entre a minha geração e a geração dos meus filhos, todos os dias nasce uma nova geração, antigamente as gerações mediam-se em dinastias, hoje uma nova nasce com cada bebé.
     Quando o homem se começou a sedentarizar, começou o seu processo de especialização. Com a vida em sociedade começou-se a partilhar conhecimentos e experiencias, começamo-nos a proteger uns aos outros, a compensar as fraquezas de uns com a superioridade de outros, era também o tempo em que toda a gente sabia fazer um pouco de tudo, e em que todos esses conhecimentos eram úteis e necessários nas provações do dia-a-dia. Hoje é o tempo em que a especialização está a atingir um ponto nunca antes visto em que um indivíduo não sabe um pouco de tudo, mas sabe quase tudo de muito pouco, é o tempo em que a nossa sobrevivência enquanto indivíduo depende da nossa especialização, mais do que nunca somos forçados a encontrar os nossos talentos. Há muita gente hoje especializada em biotecnologia e que muito provavelmente nem sabe como cultivar couves ou batatas, muita gente nos grandes centros urbanos nem sabe que há outro tipo de comida para além daquela que retiram dos plásticos todos os dias, mas sabem eventualmente muito de astronomia, biologia, química, historia ou matemática, assim como a maioria das pessoas que cultivam couves e batatas não sabem sequer ligar um computador.
     Mas há uma coisa que não mudou nada em toda esta evolução, a necessidade do conhecimento, e dá-me arrepios nas costas pensar, como é que um país que retira o ensino da filosofia das escolas, quer ultrapassar este desafio da mudança.
    Alguém disse que a democracia não é boa mas é o melhor sistema que temos, eu diria melhor, a democracia é o melhor sistema, desde que, não seja só o poder a ser repartido, mas também o conhecimento, para que toda a sociedade seja suficientemente esclarecida para saber escolher as pessoas certas para tomar as decisões em nome de todos, e não é certamente com governos que escondem e ocultam a verdade dos cidadãos, que ultrapassamos esta ‘’ crise financeira internacional’’, é que quando ouço o nosso actual primeiro-ministro a discursar na assembleia da republica, chamando burros a todos os outros dizendo que tudo está bem, mesmo quando se tem de pedir dinheiro emprestado todos os meses a preços de agiota para poder pagar os salários dos funcionários do estado, dizendo inclusive que essas operações são um sucesso, quando eu pensava que sucesso era não termos que pedir nada a ninguém, então tudo me leva a crer que o senhor ‘’engenheiro’’ deve viver fechado no enclave de São Bento, dentro de uma ditadura que não lhe permite tomar conhecimento do país e do mundo onde vive, também, outra coisa não seria de esperar de alguém que passa a vida em feiras a negociar com ciganos (de profissão e não de raça atente-se), ladrões e ditadores, como o senhor Chaves, o senhor José dos Santos, ou o senhor Cadhaffi. Recentemente ouviu-o dizer (o Sr. ‘’engenheiro’’ claro), que é preciso investir na educação, dá-me vontade de rir, quando na verdade o que me apetece mesmo é chorar – Primeiro: esse senhor fez parte de dois governos que passou o tempo a apregoar o dialogo e a educação, por isso não fosse o estado lastimável do país e pensaria que esse serviço já estaria feito, - Segundo: este senhor liderou e lidera um governo que passou o tempo a guerrear com as pessoas que ensinam, que baixou a exigência do sistema de ensino o suficiente para poder dizer à O.C.D.E. e ao mundo que Portugal não é um país de analfabetos, e criou um sistema de ensino (novas oportunidades) o qual eu frequentei, em que as escolas recebem pelo numero de inscritos, e em que a formação que é dada não é mais que zero, e em que se transformam cursos de bacharelato em licenciaturas, pela módica quantia do preço anual das propinas, em que a matricula é feita pela internet, o pagamento mensal das ditas propinas por transferência bancária e o diploma vem por correio no final do ano lectivo, e assim sem sequer por os pés na universidade se transforma um bacharel em licenciado, se transforma a estatística das qualificações académicas dos portugueses perante o país e o mundo, licenciados esses que depois vêm para a rua fazer greve porque são licenciados e recebem como bacharéis, mas por incrível que pareça, os portugueses continuam mais burros estúpidos e ignorantes que antes.
     Já aqui desejei o regresso de D. Afonso Henriques uma vez, hoje pode mesmo ser o D. Dinis e o Marquês de Pombal, porque não?
     Uma coisa é certa: se o povo português não sabe escolher em democracia, então, que se fôda, venha de lá a ditadura, sempre tenho que emigrar na mesma, a diferença é que desta vez não vou de assalto, vou de T.G.V. e munido do meu cartão de cidadão que nem direito de voto me dá, e chamam a isto democracia? Como dizia o saudoso Fernando Pessa, ‘’e esta hêm?’’