segunda-feira, 19 de março de 2012

De Democracia e de Xenofobia

Quem é mais racista? O que odeia, ou o que se deixa odiar??

Um ideal ou uma opinião, seja ela de quem for venha ela de que quadrante politico vier, é sempre legítima, seja defendida ou partilhada, ou não, pelos partidos da oposição ou não. Em democracia, todas as ideias e todas as opiniões são legítimas, haja muita ou pouca gente a defende-la ou a apoiá-la. Em democracia respeita-se quem ganha da mesma forma que se respeita quem perde, em democracia respeitam-se as maiorias e as minorias da mesma forma, não é a concordância de terceiros que faz das ideias e das opiniões o serem ou não legítimas, é o facto de existirem. Da mesma forma, não é o facto de eu ser desta ou daquela religião, desta ou daquela ideologia, que fará de mim um cidadão respeitável ou não, o que faz de mim um ser respeitável, é em primeiro lugar o respeito que eu demonstro ou não pelo direito de ser dos outros. Um teimoso nunca teima sozinho já diz o povo, da mesma forma, não é a ideologia Nazi que faz dela ser ou não xenófoba, é também o respeito e a atitude que aqueles a quem essa ideologia ataca, nutrem e demonstram por ela.

Eu nasci em Angola, cresci em Portugal, trabalho em França, vivo na Alemanha. Isso faz de mim o quê? Imigrante, migrante, emigrante, alemão, francês, angolano, português? Acho que sou apenas um ser humano, como aqueles que foram assassinados, antes de serem franceses judeus ou muçulmanos, são seres humanos, e parece que se estão a esquecer disso. Sou emigrante, sou imigrante, dou trabalho a imigrantes e a emigrantes, e também dou trabalho a cidadãos nativos. Nunca fui mal tratado em lado nenhum, e sabem porquê? Porque nunca tratei ninguém mal. Sempre tratei os outros por aquilo que sou, como seres humanos.

Em questão de migração, o povo português residente em Portugal, tem muito que aprender, é que a mim enoja-me que um fulano que sabe dar uns toques na bola passado uma semana é cidadão nacional, enquanto um desgraçado que tudo o que procura é matar a fome aos filhos, fugir da fome e da tortura, passados 10 ou 15 anos a pagar impostos ainda esteja com um certificado provisório de residência.

Quanto a, a imigração servir o capital ou não, creio que a imigração serve primeiro a necessidade de quem precisa, depois, quanto ao aproveitamento e abuso da necessidade de cada um, não se trata de capitalismo ou de comunismo, trata-se sim de oportunismo e falta de escrúpulos, mas isso há-os em todo o lado, não tem a ver com fronteiras mas sim com a condição humana.

Eu tive a sorte, ou o azar, de a minha mãe me ter parido onde pariu, se pensarmos que tivesse sido dentro do arame farpado afegão, se calhar teria tido azar, se fosse dentro do arame farpado norueguês, talvez tivesse tido sorte, geralmente as pessoas quando falam de racismo e xenofobia, esquecem-se que as mães e os filhos não tem culpa de onde os homens colocaram o arame farpado. Querem acabar com a xenofobia? Comecem por acabar com as fronteiras, com as religiões, com as ideologias politicas, com o direito á diferença. Se acham que é possível acabar com o racismo, lutem contra o arame farpado e não contra os homens. Se acham que não conseguem acabar com ela, aprendam a viver com ela. A xenofobia, é o conceito da intolerância para com o direito á diferença, pois sendo assim, não me parece que discursos inflamados contra quem quer que seja, resolva o que quer que seja. ''A demagogia, é a ferramenta dos incompetentes, para apaixonar os ignorantes'', repito, informem-se acerca da realidade e falem do que sabem ser certo, não inventem nem especulem sobre o que não sabem. Muita gente nestes país fala mal dos alemães e dos franceses, mas o problema é que nunca passaram a Vilar Formoso, a percentagem de xenófobos, racistas e intolerantes em Portugal garanto-vos que é muito maior que na França ou na Alemanha. Se perguntarem aos alemães o que pensam do nazismo e do Hitler, a percentagem dos que vos dirão simplesmente ''vergonha'', andará muito perto dos 99%.

 
Não julguem o todo pela parte.



 Não julguem os outros pelos medos e frustrações das vossas almas.



Antes de querer conhecer e julgar os outros, experimentem conhecerem-se a vós próprios primeiro!

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