quarta-feira, 5 de março de 2014

Uma inovação chamada revolução ucraniana.


O Mundo está a mudar. O Mundo nunca parou de mudar. A humanidade em certa altura e ainda hoje em certos sítios tenta impedir essa mudança, mas em vão. O Mundo não pára. O Tempo não pára. A Humanidade muito menos.
Essas mudanças tornaram-se cada vez mais rápidas a partir do Renascimento. Essas mudanças ganharam velocidade de cruzeiro com a Revolução Industrial. Essas mudanças atingiram velocidade supersónica com a revolução informática. Essas mudanças atingirão a velocidade da luz antes do fim deste século.
Normalmente o primeiro passo para a mudança é um avanço tecnológico, que desencadeia um proveito económico, que por sua vez provoca alterações sociológicas e que normalmente culmina numa alteração cultural. Foi sempre assim ao longo da história. O que somos hoje é fruto de todas essas marcas deixadas na capacidade que o ser Humano tem de guardar, acumular e fazer passar de geração para geração informação. A nossa cultura é o que somos, é a biblioteca do conhecimento acumulado e preservado e disseminado.
Neste momento, a Humanidade enfrenta um desafio colossal. As inovações tecnológicas e a sua implementação prática na vida das pessoas é tão rápida, que a Economia, a Sociedade e a Cultura não estão a revelar capacidade  suficiente de adaptação. Isso prejudica o equilíbrio da sociedade. Quando uma sociedade é desequilibrada, é natural que se procure o seu equilíbrio, afinal a ordem nasce do caos. Aí fica a descoberto um desequilíbrio maior. Quando surge a solução para uma ordem, já a tecnologia avançou tanto que o triunvirato ESC ( Economia, Sociedade, Cultura) estão outra vez atrasados na solução. Isto gera uma constante desordem. O ESC tem revelado uma incrível incapacidade de acompanhamento do Avanço Tecnológico (AT).
Numa primeira fase do AT, o ESC pareceu acompanhar de forma rápida e segura. A Crise financeira que rebentou em 2008 veio revelar o contrario. O ESC errou na solução, e de repente deixa de ter solução para o que quer que seja. A coisa piorou quando numa primeira fase pensou que podia resolver o problema com as mesmas ‘’soluções’’ do passado. Ora, quando há uma crise, a primeira coisa a fazer é mudar, adaptar. Isso não foi feito. Insistiu-se no mesmo, e entretanto o AT continua imparável acentuando o fosso de caos entre os dois.
Dentro do ESC, a primeira a tentar reagir foi a Economia, mas falhou no diagnóstico, consequentemente, falhou a cura. Nisto, a Sociedade não está pelos ajustes e rebela-se, a Cultura diz que isto não é nada com ela e os outros que se amanhem.
Tunísia, Argélia, Egipto, Líbia, Grécia, China, Rússia, Venezuela, Bangladesh, Sudão, Irão, Síria, Brasil, etc etc , todos eles deram sinal que a sua classe politica não estava a resolver os seus problemas, e que não concordavam minimamente com o rumo que a Economia estava a seguir com a conivência de uma classe politica que deveria ser representativa dos interesses da Sociedade mas que na verdade estava a defender os interesses da Economia. Mas no final, a solução apresentada por todas estas manifestações de desagrado resultaram em soluções erradas ou em não soluções que acabaram irremediavelmente por voltar a beneficiar sempre os interesses da Economia.
Aparece no entanto dentro da Economia uma facção com uma ideia diferente e inovadora. A Economia tem de ser vocacionada para interesse do AT, da Sociedade e da Cultura, beneficiando desta forma e por inerência o interesse da própria Economia. Acontece que essa solução apresentada tem condicionantes. Uma responsabilização da ESC no seu todo, e um grande sacrifício no curto e médio prazo por parte de cada uma destes três membros do triunvirato. A Economia divide-se nas suas opiniões, a Sociedade e a Cultura radicalizam-se numa negação. Ficamos num impasse. Cada uma das facções continua na defesa do seu pequeno reduto.
Eis que um belo dia, um certo país chamado Ucrânia, estando numa situação complicada fruto das criminosas promiscuidades entre poder económico e politico que não defendiam nem representavam os interesses da Sociedade e da Cultura, o poder económico deste país resolve fazer mais um de tantos acordos já feitos para ir atenuando a débil e grave situação financeira do país, hipotecando cada vez mais o seu futuro, acontece que a Sociedade e a Cultura não estão pelos ajustes. Em vez de fazerem mais uma manifestação como tantas outras que vinham a ser feitas por esse Mundo fora, resolveram introduzir uma inovação.
Nós não estamos contra que se hipoteque o nosso futuro em troca de dinheiro. Nós não estamos contra os sacrifícios que nos são impostos. Nós somos contra a que se hipoteque o nosso futuro a este, mas não aqueles.
O Povo ucraniano, não só disse o que não queria, mas disse o que queria, e mais do que isso, sabe perfeitamente o que quer. Está esclarecido e sabe que caminho quer fazer. O Povo Ucraniano, numa primeira fase não exigiu a demissão do presidente. Exigiu que não se assinasse um acordo de cooperação com a Rússia e que se desse primazia nessa cooperação à EU e aos EUA. O presidente não acedeu, o Povo saiu à rua. O presidente atirou a matar, o Povo não se intimidou. O poder politico e militar abandonou ou presidente e tomou o partido do Povo. Aconteça o que acontecer o Povo venceu. O poder político e militar teve o bom senso de tomar o partido do Povo. A manifestação Ucraniana, foi de todas a que teve uma verdadeira revolução. Porque algo mudou. E em tempos de crise o que se exige é que as coisas mudem.
Este é o exemplo da Ucrânia que devemos seguir. O exemplo da mudança, das alternativas, da adaptação à realidade.
O Mundo vai invariavelmente continuar a sua evolução, a sua transformação. É tempo de todos meterem na cabeça que as adaptações e as mudanças têm de ser contínuas, simples, eficazes e rápidas.
A metáfora que me surge é a de um carro de fórmula um conduzido por um cocheiro. Se temos um AT de fórmula um, então precisamos de um ESC com capacidade e competência para o conduzir.

O ESC tem de imperativamente reagir de forma rápida e assertiva. Não pode continuar a viver de ilusões, de burocracias, e de joguinhos de interesses que beneficiam sempre os mesmos. A Ucrânia mostrou que há um caminho diferente. Não demorará que outros lhe sigam o exemplo.

As Virgens


Um estudo recente levado a cabo na União Europeia, dá conta que uma em cada três mulheres sofre ou já sofreu alguma vez algum tipo de abuso físico e/ou sexual. Noventa e sete por cento das vitimas de abusos são Mulheres.
Não acredito em explicações simplistas. Acredito em coincidência, mas não como forma de explicar seja o que for. Se alguma coisa acontece, se existe uma acção, esta desencadeia uma reacção. Acredito piamente que para tudo há uma explicação lógica e racional. Podemos não a conhecer, podemos nunca a vir a conhecer, mas isso não implica que ela não exista. Como tal, e partindo desse principio que para tudo existe uma explicação lógica e racional, não é de todo disparatado pensar que para cada problema existe uma solução. Podemos claro está não a conhecer, mas nada impede que ela não exista.
Deste modo, é óbvio que para este problema da violência de género terá de haver uma solução. Isto partindo do principio de que é um problema. Se é um problema, é tempo de o encarar como tal e começar a procurar as soluções por mais escondidas e desconhecidas que se encontrem.
O raciocínio lógico tem esta coisa louca e fascinante, quase esquizofrénica, de suscitar cada vez mais dúvida e interrogações à medida que nos aprofundamos nos assuntos. E o que nos diz o raciocínio lógico neste caso? Se existe um problema existe uma causa. Se existe uma causa, é preciso aniquila-la para anular o fenómeno causa-efeito na origem.
-E o que poderá estar na origem da violência de género?
- Genes?
-Cultura?
- Personalidade?
-Doença?
É cada vez mais comum, ver transformadas em doenças do foro psicológico ou psiquiátrico, marcas de personalidade. O puto não está quieto nas aulas. Síndroma de falta de concentração? A indústria farmacêutica tem drogas para isso. Droga-se o puto. O puto fica quieto nas aulas. Está tudo bem. Problema resolvido. Acontece que isto pode levantar um outro problema. Uma geração de putos drogados, que quando se tornam adultos, descobrem que afinal existe uma coisa chamada de realidade e que não é nada daquilo que lhe disseram que era.
O problema que a minha mãe me tinha evitado se tivesse dado uns calmantes aos cabritos. Mas afinal, não é normal os cabritos pularem, brincarem e fazerem asneiras? Não é normal que uma criança seja irrequieta e desatenta?
Voltando à vaca fria. O que estará verdadeiramente na causa da violência de género? Serão os homens umas bestas insensíveis e animalescas que por deleite e sadismo exercem actos violentos sobre as mulheres?
Nunca gostei de apontar o dedo a ninguém, por duas razões essenciais: primeiro não sou perfeito; segundo acho que em sociedade, um indivíduo nunca age de forma isolada, é sempre influenciado, existe sempre uma influência, existe sempre uma resposta, uma reacção a uma ou varias acções. Não quero com isto desculpar o que quer que seja ou quem quer que seja. Acho sim, que é tempo de começar a procurar as causas e as soluções noutras paragens. É tempo de deixar de apontar o dedo, e começar a olhar para o espelho para nos conhecer-mos melhor a nós próprios, das nossas capacidades e limitações, dos nossos defeitos e das nossas virtudes. Quantas vezes passamos longos momentos à procura dos óculos sem nos aperceber de que se não os tivéssemos postos não os conseguíamos procurar?

É certo que há homens que são autênticas bestas. Mas não é menos certo que há mulheres que são autênticas armas de tortura psicológica. Como em tudo na vida, não há inocentes, e até as virgens mais tarde ou mais cedo descobrem os prazeres do chocolate.