domingo, 19 de junho de 2011

Guerra ideológica? Ou os Tolinhos da política?

UM UPER-CUT DE ESQUERDA E UM GANCHO DE DIREITA, E O SOCIALISMO FICOU SEM OS DENTES!

    Confesso que às vezes fico confuso, e tenho de parar, para respirar fundo, beber um copo de água, e às vezes mesmo um cigarro. Sinceramente, já não sei o que é ser de direita ou de esquerda, se é que alguma vez soube, e se pensar que pelo meio ainda há a social-democracia e o socialismo. Uns dizem que são de direita os segundos dizem ser de esquerda. Ah, e já me esquecia, ainda temos os democratas cristãos, os revolucionários, os nacionalistas, trotskistas, ecologistas, macrobiotistas e o raio que os parta a todos.
    Eu, Américo Da Conceição Varatojo, defendo a economia de mercado com iniciativa privada, defendo uma intervenção estatal somente no que diz respeito à função reguladora e fiscalizadora do estado, da segurança pública e da defesa do território e da soberania. Sou contra o aborto mas defendo que quem o quiser fazer o possa fazer livremente assumindo todas as suas responsabilidades inerentes, mas sem que eu o tenha de pagar com os meus impostos, defendo que as bebidas alcoólicas devam ser legais assim como o tabaco, então as outras drogas também o devem ser. Nunca ninguém conseguiu nem vai conseguir acabar com a prostituição, então porque não se legaliza e se dá condições de trabalho e de higiene a todas e todos os que vivem desse e nesse mundo?
    Não se pode pertencer a um partido democrata cristão, logo de direita ou extrema-direita, se se for ateu. Os ateus são sempre de esquerda. Não se pode ser de direita e ser a favor do aborto. Se defendes o aborto és de esquerda. Não se pode defender as privatizações das empresas estatais e ser de esquerda, mesmo que seja a favor do aumento do salário mínimo. Não se pode defender uma economia liberalizada e ser do partido os verdes, porque estes são contra tudo e todos. Também não se pode usar rastas e defender a participação na NATO. Assim como também não fica bem usar sapatos de ‘’vela’’ com uma t-shirt do Cheguevara. Não se pode ser de esquerda e ser contra a emigração ilegal.
    Tudo isto sem falar de comunismo e fascismo, porque isso eu não sei o que é nem nunca soube, e noventa por cento dos que usam esses termos também não sabem, porque nunca viveram na Rússia nem no Chile, Alemanha ou Itália da primeira metade do século X. se me dizem que o Prof. Salazar era fascista então eu pergunto, e o Sócrates é o quê? Se o Carlos Carvalhas é comunista, então o Portas é o quê?
    Esta sociedade portuguesa parece um molho de gatos dentro de um saco. Andam todos à bulha uns aos outros sem saberem o que querem, de onde vêm e muito menos para onde vão. Acham sinceramente que faz algum sentido estas disputas pseudo-ideologicas, que os leva a todos à completa ausência de razão? Desde quando é que só defende a cultura quem é de esquerda? Desde quando a direita não se pode preocupar com o ambiente?
     Acho que deviam por os olhos em sociedades mais avançadas que nós, e não estou a falar de défice ou de balança comercial e muito menos de PIB ou poder de compra. Estou a falar de civismo, onde as pessoas se preocupam com a sociedade onde vivem e participam dela. Onde cada um varre o passeio em frente da sua casa, onde se espalha comida no inverno para os passaritos não morrerem de fome, em Portugal matam-nos, agora até os melros já são espécie cinegética, onde as pessoas apanham frutos silvestres para fazerem compotas e chás, onde se fazem feiras de roupa usada, onde cada um separa o seu lixo, onde as pessoas se respeitam aceitam como diferentes que são, e onde ninguém impõe as suas ideologias ou convicções aos outros sem no entanto deixar de as defender educadamente. Se não gosto de touradas, que direito tenho de as proibir a quem gosta? Também não gostava que me proibissem de ver 25 palhaços a correr atrás de uma bola durante hora e meia. Eu não sou a favor do aborto, mas que direito tenho eu de proibir quem os quer fazer? Sou a favor de uma alimentação vegetariana, mas isso não significa que proíba os leões de comer carne, nem obrigue as couves a comer sapos.
    Acho que isto sim é ser liberal, defender uma sociedade onde todos somos igualmente diferentes e nos sabemos aceitar educadamente. Ser liberal está longe de se ser de ‘’direita’’, onde se defende o poder do capital económico e se oprime os trabalhadores desgraçados. Num mundo liberal, patrões e trabalhadores sabem se respeitar mutuamente, porque todos compreendem, aceitam e respeitam a sua posição dentro da sociedade. O problema está quando não aceitamos que somos igualmente diferentes, e que há pessoas com capacidades diferentes e com ambições diferentes, como tal tem de desempenhar funções diferentes dentro da sociedade. Um estado liberal, é um estado onde as leis são simples e funcionais, que deixam espaço a cada cidadão para ser igual a si mesmo, sem que o estado interfira na sua liberdade do direito de decidir sobre a sua própria vida sem prejuízo das dos outros.
    E dizem vocês que tudo isto é muito bonito, mas igualmente utópico. E digo eu que nada é utópico até pelo menos não se tentar. Quando Copérnico disse que era a terra que se movimentava em volta do sol, mandaram-no para a fogueira. Mas quem é que tinha razão afinal? Alguém diria à 200 anos atrás que as mulheres podiam votar? Ou que a escravatura ia acabar?
    É mais que tempo de ganharmos juízo e acabarmos o que D. Afonso Henriques começou. Uma verdadeira nação que tenha muito mais que fronteiras, que tenha horizontes, objectivos, ambições, e acima de tudo que se saiba dar ao respeito, porque com estas mentalidades e esta visão, não vamos longe!

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