Um estudo recente levado a cabo na União
Europeia, dá conta que uma em cada três mulheres sofre ou já sofreu alguma vez
algum tipo de abuso físico e/ou sexual. Noventa e sete por cento das vitimas de
abusos são Mulheres.
Não acredito em explicações simplistas. Acredito
em coincidência, mas não como forma de explicar seja o que for. Se alguma coisa
acontece, se existe uma acção, esta desencadeia uma reacção. Acredito piamente
que para tudo há uma explicação lógica e racional. Podemos não a conhecer,
podemos nunca a vir a conhecer, mas isso não implica que ela não exista. Como
tal, e partindo desse principio que para tudo existe uma explicação lógica e
racional, não é de todo disparatado pensar que para cada problema existe uma
solução. Podemos claro está não a conhecer, mas nada impede que ela não exista.
Deste modo, é óbvio que para este problema da
violência de género terá de haver uma solução. Isto partindo do principio de
que é um problema. Se é um problema, é tempo de o encarar como tal e começar a
procurar as soluções por mais escondidas e desconhecidas que se encontrem.
O raciocínio lógico tem esta coisa louca e
fascinante, quase esquizofrénica, de suscitar cada vez mais dúvida e
interrogações à medida que nos aprofundamos nos assuntos. E o que nos diz o
raciocínio lógico neste caso? Se existe um problema existe uma causa. Se existe
uma causa, é preciso aniquila-la para anular o fenómeno causa-efeito na origem.
-E o que poderá estar na origem da violência de
género?
- Genes?
-Cultura?
- Personalidade?
-Doença?
É cada vez mais comum, ver transformadas em
doenças do foro psicológico ou psiquiátrico, marcas de personalidade. O puto
não está quieto nas aulas. Síndroma de falta de concentração? A indústria
farmacêutica tem drogas para isso. Droga-se o puto. O puto fica quieto nas
aulas. Está tudo bem. Problema resolvido. Acontece que isto pode levantar um
outro problema. Uma geração de putos drogados, que quando se tornam adultos,
descobrem que afinal existe uma coisa chamada de realidade e que não é nada
daquilo que lhe disseram que era.
O problema que a minha mãe me tinha evitado se
tivesse dado uns calmantes aos cabritos. Mas afinal, não é normal os cabritos
pularem, brincarem e fazerem asneiras? Não é normal que uma criança seja
irrequieta e desatenta?
Voltando à vaca fria. O que estará
verdadeiramente na causa da violência de género? Serão os homens umas bestas
insensíveis e animalescas que por deleite e sadismo exercem actos violentos
sobre as mulheres?
Nunca gostei de apontar o dedo a ninguém, por
duas razões essenciais: primeiro não sou perfeito; segundo acho que em
sociedade, um indivíduo nunca age de forma isolada, é sempre influenciado,
existe sempre uma influência, existe sempre uma resposta, uma reacção a uma ou
varias acções. Não quero com isto desculpar o que quer que seja ou quem quer
que seja. Acho sim, que é tempo de começar a procurar as causas e as soluções
noutras paragens. É tempo de deixar de apontar o dedo, e começar a olhar para o
espelho para nos conhecer-mos melhor a nós próprios, das nossas capacidades e
limitações, dos nossos defeitos e das nossas virtudes. Quantas vezes passamos
longos momentos à procura dos óculos sem nos aperceber de que se não os tivéssemos
postos não os conseguíamos procurar?
É certo que há homens que são autênticas bestas.
Mas não é menos certo que há mulheres que são autênticas armas de tortura
psicológica. Como em tudo na vida, não há inocentes, e até as virgens mais
tarde ou mais cedo descobrem os prazeres do chocolate.
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