quarta-feira, 5 de março de 2014

As Virgens


Um estudo recente levado a cabo na União Europeia, dá conta que uma em cada três mulheres sofre ou já sofreu alguma vez algum tipo de abuso físico e/ou sexual. Noventa e sete por cento das vitimas de abusos são Mulheres.
Não acredito em explicações simplistas. Acredito em coincidência, mas não como forma de explicar seja o que for. Se alguma coisa acontece, se existe uma acção, esta desencadeia uma reacção. Acredito piamente que para tudo há uma explicação lógica e racional. Podemos não a conhecer, podemos nunca a vir a conhecer, mas isso não implica que ela não exista. Como tal, e partindo desse principio que para tudo existe uma explicação lógica e racional, não é de todo disparatado pensar que para cada problema existe uma solução. Podemos claro está não a conhecer, mas nada impede que ela não exista.
Deste modo, é óbvio que para este problema da violência de género terá de haver uma solução. Isto partindo do principio de que é um problema. Se é um problema, é tempo de o encarar como tal e começar a procurar as soluções por mais escondidas e desconhecidas que se encontrem.
O raciocínio lógico tem esta coisa louca e fascinante, quase esquizofrénica, de suscitar cada vez mais dúvida e interrogações à medida que nos aprofundamos nos assuntos. E o que nos diz o raciocínio lógico neste caso? Se existe um problema existe uma causa. Se existe uma causa, é preciso aniquila-la para anular o fenómeno causa-efeito na origem.
-E o que poderá estar na origem da violência de género?
- Genes?
-Cultura?
- Personalidade?
-Doença?
É cada vez mais comum, ver transformadas em doenças do foro psicológico ou psiquiátrico, marcas de personalidade. O puto não está quieto nas aulas. Síndroma de falta de concentração? A indústria farmacêutica tem drogas para isso. Droga-se o puto. O puto fica quieto nas aulas. Está tudo bem. Problema resolvido. Acontece que isto pode levantar um outro problema. Uma geração de putos drogados, que quando se tornam adultos, descobrem que afinal existe uma coisa chamada de realidade e que não é nada daquilo que lhe disseram que era.
O problema que a minha mãe me tinha evitado se tivesse dado uns calmantes aos cabritos. Mas afinal, não é normal os cabritos pularem, brincarem e fazerem asneiras? Não é normal que uma criança seja irrequieta e desatenta?
Voltando à vaca fria. O que estará verdadeiramente na causa da violência de género? Serão os homens umas bestas insensíveis e animalescas que por deleite e sadismo exercem actos violentos sobre as mulheres?
Nunca gostei de apontar o dedo a ninguém, por duas razões essenciais: primeiro não sou perfeito; segundo acho que em sociedade, um indivíduo nunca age de forma isolada, é sempre influenciado, existe sempre uma influência, existe sempre uma resposta, uma reacção a uma ou varias acções. Não quero com isto desculpar o que quer que seja ou quem quer que seja. Acho sim, que é tempo de começar a procurar as causas e as soluções noutras paragens. É tempo de deixar de apontar o dedo, e começar a olhar para o espelho para nos conhecer-mos melhor a nós próprios, das nossas capacidades e limitações, dos nossos defeitos e das nossas virtudes. Quantas vezes passamos longos momentos à procura dos óculos sem nos aperceber de que se não os tivéssemos postos não os conseguíamos procurar?

É certo que há homens que são autênticas bestas. Mas não é menos certo que há mulheres que são autênticas armas de tortura psicológica. Como em tudo na vida, não há inocentes, e até as virgens mais tarde ou mais cedo descobrem os prazeres do chocolate.

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