sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Estado de sitio

   Passam-me luas e desejos incontornáveis diante dos olhos,
   Atrás fica o barulho das brochas das botas na calçada,
   Do lado esquerdo, duas meninas perguntam-me se preciso de companhia
   Do lado direito a deslocação de ar de mais um louco
   Com os tímpanos encharcados de poluição sonora.
   E pergunto a mim mesmo qual é o meu destino?
   Mas se eu soubesse,
   Talvez outro tempo e outro espaço fosse o meu ser
   Jamais direi o que tenho para dizer
   Jamais cantarei os poemas de outro poeta,
   A chuva miudinha continua a cair,
   Bate-me na face com a violência de um estalo
   A brisa, desloca-me o cabelo com a suavidade de uma carícia maternal,
   E o desejo invade a vontade do ser;
   Mas não a vontade do ter.
   Sento-me num meco colado à beira da foz
   E ouço o suave arrulhar da água de encontro ao paredão,
   Mais uma fragata que parte em busca de guerras sem sentido
   Recheada de homens, para quem a vida insiste em não fazer qualquer sentido.
   Paragens distantes aos olhares indiscretos,
   De bandidos governados pela ambição do incerto e da insegurança
   Sacerdotes que veneram a deuses sem sentido,
   Frutos proibidos da imaginação humana, e da fé divina
   Que jamais explicarão os mistérios da sabedoria.
   Passam-me planetas e constelações diante da imaginação,
   Para trás ficou o Sol pleno de saudades da filosofia, que um dia foi minha amante,
   Essa que me traiu com a vaidade de ser importante e sem sentido,
   Mas prefiro pensar que à esquerda e à direita ela me continua a ser fiel
   Porque à minha frente ela continua a ser a razão
   Que continua a fazer de mim, o que sou, e o que quero ser
   No pragmatismo da alma, e na hipocrisia do corpo
   Ó seres fúteis e hipócritas, deixai de lado a vaidade dos vossos amigos
   E amai a sinceridade dos vossos inimigos,
   Pois será essa que vos orientará nas galáxias do coração.
   Passam-me luas e desejos incontornáveis diante dos olhos
   E a todos vou agarrar com a mesma paixão, com que vos dedico,
   Esta mesma sinceridade com que vos escrevo estas sentidas linhas!
   Sentidas são as lágrimas,
   Desprezados os sorrisos,
   Procuro as dádivas
   Encontros amigos!

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