quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os Incompetentes

            Os Incompetentes (leia-se os hipócritas, gatunos, ladrões, bandidos, corruptos, palhaços, lambe-botas, oportunistas, aristocratas, burgueses, mentirosos, …)
     Tenho os pés frios, os artelhos rangem, um comichão sobe pelas canelas, uma borbulha pica atrás dos joelhos, uma cãibra nas coxas, um arrepio na espinha, eriçam-se os cabelos do pescoço, dói-me a cabeça, fico de cabelos em pé, só de pensar nisto, uma pouca-vergonha que se ensina à mesa dos pais, ao pequeno-almoço, ao almoço, lanche e ao jantar, continua-se na escola onde se põe pela primeira vez em prática com umas eleições para delegado de turma, depois para a associação de estudantes, depois aparece-se na televisão numa greve-manifestação de estudantes, onde o estúpido do repórter faz meia dúzia de perguntas igualmente estúpidas coitado, isto de trabalhar a recibo verde, trabalho precário a tudo os obriga para por dois papo-secos na mesa aos filhos, ao que se responde meia dúzia de baboseiras sem sentido ou nexo tipo pá, tas a ver ou é assim, topas, na boa bute lá meu. Mas é a partir daqui que as coisas começam a ficar realmente difíceis, entram em cena conceitos e variáveis complexas como padrinho, cunha, palmadinhas nas costas e compadrios, ó tio ó tio, venha de lá esse abraço meu grande amigo, companheiro, colega e camarada, sim camarada fica sempre bem, em tempo eleitoral então fica melhor que uma diminuição de impostos ou um aumento de salários ou até mesmo uma alusão ao 25 de Abril de 74, camaradas eu lutei contra o fascismo e pela liberdade contra a opressão fascista, numa bela rue Parisien.
     E é assim meus amigos que se constrói uma carreira política ao mais alto nível, por um lado bajulando os mais velhos, e por outro garantindo o financiamento prestando uns favores aqui e ali aos senhores empresários, que coitados não têm outro remédio uma vez que os políticos resolveram tornar as suas carreiras e cargos políticos cheios de significado, criando e inventando umas quantas burocracias aqui e ali para justificar o ordenado, dificultando assim a vida a toda a gente, para eles mesmo facilitarem a vida a toda a gente através de uma pequena lembrança ou uma atençãozinha, criando ainda assim nas pessoas a ideia de que são realmente uns gajos muito porreiros e úteis quando na realidade são os principais responsáveis por este sistema incentivo-recompensa tão tipicamente tuga, de espertos e espertinhos, do tudo vale para saltar um lugarzinho que seja na fila, ou melhor, na bicha.
    E é a estes sujeitinhos minhas senhoras e meus senhores, que nunca fizeram nada de útil pela sociedade, que passaram a vida a colar e distribuir panfletos, a tirar cursos ao fim de semana, e a apregoar slogans anti-fascistas pelas ruas e mercados, quando deviam já saber há muito que em Portugal nem nunca houve realmente fascismo, que o 25 de Abril de 74 acabou às zero horas do dia 26 de Abril de 74, ou que o comunismo é realmente bom e verdadeiro na Rússia e em Cuba ou na China, e que ser comunista em Portugal é uma espécie de dádiva dos céus, hummmmmmmmmmmmm, que delicia, como gostaria de ser comunista na Rússia de Estaline, com purgas, campos de concentração, fome, miséria, trabalhos forçados, perseguições à liberdade de expressão, extermínios e genocídios em massa, que maravilha meus senhores e minhas senhoras, pois é minha gente são estes Senhores de S grande que nunca geriram mais que o seu próprio orçamento familiar e que têm os seus partidos endividados ate à quinta casa do caralho, mesmo com os avultados subsídios do estado que eles se atribuem a si mesmos, que nós contribuintes pagamos, e ainda andamos feitos parvos atrás deles com cachecóis e bandeirinhas, a cantar e a apitar e a buzinar slogans de musica ligeira que ficam no ouvido de toda a gente e que congelam esses cérebros mais sensíveis e tenrinhos que por aí vagueiam ao sabor da onda do momento conforme lhe dá o vento e a maré.
     Meus amigos deixem de bajular e adorar os senhores doutores políticos, não vale a pena, qualquer um de vós governa o país se se puser a isso, a saber: tiram-se umas fotos bem jeitosas todos bem penteadinhos, com umas cores de fundo a rondar o branco, o azul, o vermelho e o laranja, depois arranja-se um chavão qualquer que contenha as palavras Portugal, força, sempre, futuro, movimento, mudança e umas quantas mais, com o dinheiro dos contribuintes e com as ‘’ofertas’’ sem qualquer significado e somente de boa vontade dos grandes grupos económicos e dos lobbies que rondam que nem abutres a Assembleia da Republica e os palácios de São Bento e de Belém sem falar no terreiro do passo, ou do Largo do Rato ou na Lapa etc. etc. etc., compram-se uns direitos de antena nos meios de comunicação social, fazendo assim uns favores aos tais jornalistas que precisam de comprar papo-secos aos filhos, que os outros que sabem o que realmente dizem só falam barbaridades que não nos convêm nada e são uns pessimistas e catastrofistas, pregam-se uns cartazes imprimidos na gráfica do meu amigo, mais umas canetas t-shirts e bonés enfiados na cabeça dos parvos distribuídos por feiras e mercados, e depois é só dizer mal dos adversários que é o que os adversários fazem também está-se mesmo a ver claro está, não interessa dizer nada o que se quer ou o que se vai fazer para o país porque, pode não ser possível e depois ainda nos chamam mentirosos, então o melhor mesmo é dizer mal uns dos outros, insultos, reparos e comentários depreciativos, vale tudo menos ser sério, verdadeiro e rigoroso, e aqueles que falarem mais alto e com mais convicção e que passarem a campanha eleitoral sem ficarem roucos ou sem ruptura do stock de piropos, frases feitas e de creme para os lábios depois de tanto beijo às velhas com buços de 50 anos que picam mais que a minha barba com 2 dias, terá maior possibilidade de ganhar as eleições e passar os próximos 4 anos a fazer caretas de lá de cima do poleiro aos infelizes derrotados, a dizerem-lhe que não podem fazer melhor por culpa do que os outros fizeram quando lá estiveram, e é por isso que não podem lá voltar nem eles podem de lá sair, até porque agora é a nossa vez de pagar as dívidas depois de tanto favor e compadrio, e o povo tudo engole  e aplaude porque nunca se sabe quando é que se precisa de um emprego para a vida para a minha Mariazinha coitadinha que acabou agora mesmo de tirar um curso que não sei bem o que é mas já é doutora da universidade e que não sabe fazer nada lá em casa e eu quero mesmo é que ela arranje um bom emprego no estado e um marido que lhe compre os luxos para não ter de ser eu a continuar a sustenta-la que ela já é grande, e depois os namorados não  se me tiram lá da porta é um entra e sai que já me enche as medidas e é um falatório na vizinhança depois que ela foi apanhada no carro do presidente da câmara coitadinha com um ataque de asma toda vermelhinha e a garganta cheia de iogurte natural que estava com muita fome e já não se pode tomar o lanche descansada coitadinha, e  o presidente coitado tão nervoso e a transpirar, mas sempre uma excelente pessoa até me disse que era bem capaz de me arranjar um trabalhinho lá na câmara municipal a fazer não sei bem o quê.
     Posto isto, governar é a coisa mais fácil do mundo, vai-se ter com os empresários que nos financiaram as campanhas eleitorais, eles dizem-nos o que produzem lá nas suas empresas, e depois agarra-se nisso e paga-se a umas agências de Marketing que por acaso também foram muito atenciosos na campanha e que sem o show-off por eles montados não sei se agora aqui estaria, e faz-se passar para a opinião publica de que o que país precisa é daqueles artigos de quermesse todos, mais umas obras públicas, tipo rotundos, pavilhões multiusos e umas quantas linhas de comboio que anda mais devagar e é mais caro que o avião, mas que por custar para cima de um dinheirão dá um monte de comissões cá à malta do partido coitados que andaram estes anos todos a gritar e a colar cartazes sem ordenado coitadinhos, e como isso ainda não chega é preciso criar por aí umas fundações privadas de capitais públicos e mais uns quantos institutos públicos para dar emprego a toda essa gente que me tem ajudado tanto coitados a organizar estas festas e comícios e jantares de propaganda, para os mais amigos no entanto ainda é preciso fazer umas parcerias publico-privadas bastante vantajosas para os privados para conseguir pôr os ditos amigalhaços do coração no conselho de administração das ditas privadas, até porque eu não sei quando é que se acaba o tacho e quando daqui sair tenho de ter para onde ir, sim, porque as reformas burguesas que se acumulam em cima umas das outras como milho dentro de um saco não chegam para nada, alem do mais temos de providenciar um belo álibi para as contas bancárias e património fabuloso que se acumulam ao longo de uns poucos anos com o triste e miserável salário de Deputado, Secretario de Estado, Ministro, Primeiro-ministro, Presidente da Republica ou seja lá o que for.
     Há vinte anos atrás tivemos um Primeiro-ministro que foi pioneiro na arte de ganhar eleições e de bem governar o seu partido e os interesses dos seus amigos, encheu o cu dos funcionários públicos com ordenados e regalias principescas, inventou o conceito de portugueses de primeira e de portugueses de segunda dando a uns todas e quaisquer regalias como ADSE e reformas vitalícias por inteiro, enquanto os portugueses de segunda categoria pagavam tudo isso e aplaudiam, enquanto choveu uns quantos milhões diários da CEE durante uns quantos anos, houve regalias e subsídios para toda a gente, os amigos do partido sempre em primeiro lugar claro está e o povo aplaude e o senhor vai ganhando eleições e o povo vota e aplaude, entretanto esse senhor foi-se embora porque o povo já não podia com ele e estava tudo fartinho dele ate á ponta dos cabelos, mas a política é como no futebol, hoje és um herói amanha uma besta e dois dias depois voltas a herói outra vez, tanto assim é que esse senhor que a tantos fartou ainda conseguiu chegar a presidente da republica, depois de tirar o tapete a uns certos amigos de longa data. O senhor que se seguiu, ainda apanhou uns quantos fundos europeus mas nada que se compare, mas como o esforço para chegar ao poder foi muito grande teve de empregar uns quantos boys, ou seja, mais despesa para o estado, mas pelo menos teve o bom senso de se ir embora quando viu que não dava conta do recado e que aquilo era areia a mais para a sua camioneta e que tinha tido mais olhos que barriga, deixando o país ao abandono por mais de seis meses á espera de eleições, e afinal sempre é melhor fazer umas festinhas e distribuir umas migalhinhas aos pobrezinhos refugiados, enquanto se banqueteia com belos ordenados e belas viagens do que andar aqui a ouvir insultos e a aturar gente doida. A seguir veio um senhor muito simpático que é muito religioso e também já foi mauísta e também já colou muitos cartazes, que fala muitas línguas e é um grande amigo daquele senhor que já tinha fartado toda a gente, enfim um grande curriculum, e esse senhor que andava sempre a dizer que um dia ia ser primeiro-ministro não sabe bem como mas não é que até chegou mesmo a Primeiro-ministro! Bem esse senhor encontrou isto em tão mau estado, e as suas competências eram tantas, que viu logo que não vinha preparado para nada daquilo, então primeiro disse mal do que os que os outros tinham feito e que a culpa era dos outros e que ele não tinha culpa de nada e que tinha sido enganado nos números porque ele coitado afinal só sabia falar em não sei quantas línguas mas não sabia fazer contas e assim e assado e não sei quê e não sei que mais e volta acima e volta abaixo e lá andou de um lado para o outro e tão rápido como um cão para se deitar o dito senhor pirou-se para Bruxelas que isto aqui é só gente doida e ele não vinha preparado para nada daquilo que encontrou, ou melhor, que lhe deixaram, disse ele em surdina, e nisto deixa o condado portucalense entregue ao seu grande amigo qual presente envenenado, que não bastava ser enganado pelo seu melhor amigo, traído pelo pai deles todos, ainda se lembrou da triste e infeliz ideia de dizer que queria que os bancos deviam pagar impostos, -ó meu amigo uma coisa dessas não se diz, isso é pior que querer impor regras para ligar mangueiras no verão lá nos fontanários da minha terra, está claro que os ditos cujos se encarregaram de tratar do assunto e o senhor nem chegou a aquecer o lugar, isto porque o maior traidor da pátria portuguesa depois do Vasco Gonçalves, teve a patriótica atitude de dissolver a Assembleia da Republica, e dois dias depois teve a pouca vergonha de dizer que era preciso mudar a lei eleitoral para favorecer a formação de maiorias parlamentares quando ele tinha uma e a dissolveu. Eu aceito que esse cavalheiro tivesse destituído o primeiro-ministro até porque foi ele que o nomeou e lhe deu posse, agora dissolver o parlamento que foi democraticamente eleito pelo povo português por voto secreto em sufrágio universal, eu não posso aceitar, quem é esse senhor para se impor ao voto do povo? Deus? Que eu saiba ele até é laico, mas se não fosse assim nunca teríamos o privilegio de ter um primeiro-ministro tipo vendedor de carros e de burros e de t-shirts e de banha da cobra, com um curso tirado numa universidade indeligente num domingo á tarde depois de um belo churrasco entre amigos, tudo bem regado com um belo vinho e uns quantos scotchs, e com umas piadas em Inglês técnico pelo meio, a dirigir os destinos desta bela nação á beira-mar plantada.
     E foi meus amigos com este primeiro-ministro que fiquei a saber finalmente todos os segredos da boa governação de um país. Primeiro que tudo prometer muita coisa, ser original, beber uns copos e dizer toda e qualquer barbaridade que nos venha á cabeça, prometer tecnologia aos molhos, empregos às carradas, obras publicas ao nível dos Romanos ou do Roosevelt, benefícios fiscais e abonos a toda a gente, subsídios de pobreza, aumentos de ordenados e de pensões, aumentar impostos? Estão doidos ou quê? Nunca. Etc. Etc. Etc., é só escolher, tipo vomitado cerebral, veio á cabeça põe-se no papel, vai-se á televisão em horário nobre e já está. Acontece que para os românticos a desilusão e a decepção vêm sempre quando se apercebem que a realidade é bem diferente dos seus sonhos, e começam então os problemas à seria. Prometer é fácil, e enquanto houve dinheiro á farturinha também foi fácil governar com engenharias financeiras e deficits encapotados, mas agora já não é bem assim, mas, não há puta nenhuma que não tenha sorte sempre ouvi dizer, e então eis que aparece a crise financeira internacional, essa dadiva de deus nosso senhor todo-poderoso, afinal o deficit não é tanto, é mais ainda, a culpa é da crise financeira, a economia não cresce, a culpa é da crise financeira internacional, aumenta o desemprego, a culpa já se sabe, crise financeira internacional (CFI), é preciso aumentar os impostos caramba, adivinhem (CFI), olha pá o deficit aumentou outra vez, porra pá a culpa já disse é da CFI, o desemprego continua a aumentar, sim sim sim já sei CFI, mas o mais curioso é que quando se ouvem os membros do governo a falar está sempre tudo bem, vem aí a retoma económica, o desemprego esta a estabilizar e até vai haver crescimento, mas como eu sou muito burro e ignorante, continuo sem perceber porque caralho continuam os impostos a aumentar e os ratings da divida pública a desvalorizar, os salários baixam, os impostos aumentam, a despesa publica sobe, a divida publica ultrapassa o PIB, a divida externa bruta ultrapassa duas vezes o PIB, o desemprego atinge um quinto da população activa do país, os mercados internacionais retiram a confiança do credito a Portugal, imigra-se a um ritmo superior ao do tempo do Salazar, as empresas fecham e/ou fogem daqui para fora, em tempo de crise aumentam-se os salários da função publica coitadinhos que eu preciso de votos para continuar a aumentar impostos, mas não isto esta tudo bem, a retoma vem já aí, mas não sei quando, e os impostos aumentam, ah e já me esquecia os impostos aumentaram outra vez, o preço dos combustíveis estão ao nível do Reino Unido e da Escandinávia, já estão mais caros que em França e na Alemanha, os salários é que continuam muito mais baixos e a baixarem todavia mais, e ah já me esquecia, vocês sabem que os impostos subiram outra vez?
     Deixo-vos uma pequena-grande reflexão. Se eu tenho um salário de 1000 euros mensais mas estou a gastar 1200 euros por mês, significa que tenho um deficit nas minhas contas de 200 euros mensais, então e que faço eu? 1º- Reduzo as minhas despesas em pelo menos 200 euros por mês.
2º- Arranjo outro trabalho que me traga um rendimento adicional de pelo menos 200 euros por mês.
3º- Aponto uma pistola á cabeça do patrão e obrigo-o a pagar-me pelo menos mais 200 euros mensais. De cada vez que o governo aumenta os impostos, está a apontar uma pistola á cabeça de cada contribuinte. Reduzir as despesas é urgentíssimo.
      2ª Pequena grande reflexão. Como se pode entregar o governo de um país a uma cambada de (ver titulo da peça), que nunca geriram nada mais que o seu próprio orçamento familiar?
     3ª Pequena grande reflexão. Os Romanos diziam do povo Lusitano «que merda de gente que nem se governa, nem se deixa governar».
     Isto meus amigos há coisas que nunca mudam.

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