sábado, 30 de janeiro de 2021

A Salvação dos otários

 Salvam o serviço de saúde impedindo o tratamento de doenças não covid.

Salvam a economia fechando as empresas.

Salvam as pessoas fechando-as em casa.

Salvam o ensino fechando as escolas.

Salvam a sociedade impedindo as pessoas de socializar.

Salvam o Planeta cobrando impostos.

salvam-se a si próprios, fodendo todos os demais.

Condenam tudo à morte, para salvação da humanidade (já ouvi esta merda algures)

Eu não quero ser salvo. Só quero ter a liberdade de ser eu.

Estimo muito que se fodam todos os salvadores. Vivo bem com os meus pecados, obrigado, de nada.

FODEI-VOS

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

A matança.

 

-Américo, é preciso matar coelhos.

-Quantos?

-Sei lá, os machos já andam à bulha uns com os outros, é preciso matar aquilo para não empranharem as fêmeas, depois não se podem matar e não tenho onde pôr tanto coelho.

Lá vou eu. Entro na coelheira, abro a porta da gaiola, estendo a mão. São fáceis de agarrar. Com o medo juntam-se todos num canto em cima uns dos outros. lanço a mão a um, agarro-o pelas duas patas traseiras, com a outra mão estico as orelhas, um murro no cachaço, o corpo contrai-se, à medida que se descontrai o corpo o sangue vai saindo pelas orelhas. Largo-o no chão, esperneia, uns mais que outros, quando o rabo se levantar sai o mijo e morre nesse instante.

Entretanto meti a mão dentro, agarrei outro, o processo repete-se em rotina. Um, depois outro, e outro, e outro, até ao ultimo. no fim, resta uma terreirada de coelhos mortos em cima da palha.

Agora começa o fastidioso processo de esfolar. O gancho já está pendurado na oliveira, fica lá de umas vezes para as outras.



Espeta-se o gancho no tendão de uma das pernas traseiras, normalmente a esquerda, facilita o processo. Faca de bico bem afiada. Corta a pele da pata para a barriga, ambos os cortes se encontram ao meio da barriga. Puxa-se a pele pela frente. Por trás entra um dedo debaixo da pele e força para cima. A mão esquerda agarra a pele levantada e puxa para cima. A faca corta a parte de cima pela base do rabo e puxa para baixo, a outra mão agarra a pele solta da frente e ambas puxam sincronizadas até toda a pele sair até à cabeça. Às vezes o murro é tão forte que o pescoço parte e ao puxar a pele a cabeça vai agarrada, quando assim é o trabalho está feito. Se não for assim, é preciso mais um minuto para esfolar a cabeça. Sabe sempre bem chupar uma cabeça de coelho depois de apurada no arroz malandro.

Tirada a pele, é preciso limpar as tripas. Com ambas as mãos abrem-se as pernas para trás até o osso estalar, a faca abre em cima na pélvis, dois dedos entram dentro da barriga e o bico da faca entra entre os dedos e abre a fina pele da barriga até ao externo. Dois dedos limpam por trás da tripa do intestino grosso e da bexiga e limpam tudo até abaixo. É preciso tirar a goela bem agarrada com um puxão forte mas seguro para não rebentar, caso contrario sai merda por todo lado. Abre-se a caixa torácica , puxa-se o fígado e retira-se com muito cuidado o fel, ou bílis. Verifica-se se há manchas brancas no fígado. Se houver não é aconselhável comer o animal, pode ter doença grave. Falta só cortar as pontas das patas, a que está segura pelo gancho é a ultima. Se houver algum pelo  retira-se depois da carne arrefecer. Se se derramar o fel, lava-se com agua abundante ou joga-se o fígado fora. Demorei 10 minutos a escrever isto, todo o processo não demora mais de três.
Isto faz de mim um insensível assassino em série. O acto de matar coelhos numa capoeira não
pode ser comparado com uma caçada ou montaria ou pode? Animais aprisionados e indefesos, mortos de forma automática e mecânica sem rezas ou sentimentos. A rotina insensível de retirar a vida a um ser sem capacidade de defesa.
Porcos, borregos, cabritos só difere no tamanho, a anatomia é quase igual. Já as aves dispenso. Trabalho fastidioso o de retirar penas e de entranhas infinitamente muito mais mal cheirosas.
As saudades que tenho de um coelho lentamente refugado num tacho de barro, em cima de uma trempe por cima de um lume de lenha de oliveira. Uma batatinha cozida, um feijão verde ou uns grelos escaldados ao dente com azeite e alho e molho do tacho. Vinho no jarro, do pipo de madeira vindo da adega fresca.
Assassino me confesso. Podeis comer merda, os cães também a comem e andam gordos.
Fodei-vos.

sábado, 28 de novembro de 2020

TIREM-ME DESTE FILME

Pertenço à geração do Carpe Diem. A geração que viu o filme «o clube dos poetas mortos» interpretado pelo genial Robin Williams, enquanto andava no liceu.

E de repente, toda a gente queria aproveitar o dia, toda a gente queria aproveitar a vida, toda a gente parecia não estar preocupada com o futuro desde que vivesse o presente, ninguém mais parecia preocupado com os preconceitos sociais, culturais e religiosos desde que se fosse feliz. A busca e concretização da felicidade tornou-se no todo e no tudo do tão pouco que era a vida desta gente. Aproveita o dia. Carpe Diem. Foi como uma epifania, uma libertação, um soltar das amarras, e de um momento para o outro todos éramos livres de voar sem limites desde que se aproveitasse o dia.

É claro que nem tudo foi assim tão belo e que o futuro de muita desta gente não foi assim tão promissor e banhado de felicidade. Como tudo na vida, não há bem que sempre dure e mal que não acabe. Mas lá foram lutando ao som do mote: Carpe Diem.

Há três coisas para as quais qualquer ser vivo está programado à nascença: sobreviver, reproduzir e morrer. A morte é a única das três que temos como certa e inevitável e contraria sempre as outras duas. Se a morte está certa, porque raio despendemos de tanto esforço e energia para a contrariar desde o primeiro momento de vida? A pergunta parece óbvia para nós, mas não para qualquer outro ser vivo. É possível que sejamos o único ser à face da terra que temos noção do que é a morte e da sua inevitabilidade. Geneticamente e antes do reconhecimento da auto-consciência estamos programados para perpetuar os genes e a vida. Para isso precisamos de sobreviver, de lutar pela vida. A luta pela sobrevivência é constante e brutal e apresenta riscos a toda a hora e a todo o momento. O risco da morte. Passamos a vida a lutar contra o inevitável. Parece um contrassenso. Somos vigaristas tentando ludibriar a morte em cada momento da nossa vida, em cada batida do nosso coração. Pelo menos temos conseguido prolongar o tempo médio de vida. Eu diria que estamos a jogar melhor mas inevitavelmente continuamos a perder o jogo.

A reprodução é também uma forma de ludibriar a morte. Na impossibilidade da nossa matéria viver para sempre, renovamos a vida pela reprodução passando os nossos genes de geração em geração rumo à vida eterna.

Ou então, por outro lado, qualquer ser vivo tendo uma real consciência da sua efemeridade e, sabendo do carácter de escassez que representa a morte para a vida, torne esta tão valiosa, o que leva a que se lute por ela como um bem valioso que é. Talvez nasça aqui o conceito de propriedade privada. O nosso bem mais valioso: a Vida, que é só nossa, a nossa propriedade que nos pode ser retirada, a qual podemos retirar a nós próprios se deixar-mos de lhe atribuir valor. Mas é tão nossa, que nem mesmo depois de roubada alguém se pode apropriar dela. É nossa e só nossa. Uma propriedade, pessoal, privada, da qual apenas nos é permitido doar uma cópia, mas nunca o original. É assim uma doença sexualmente transmissível sem cura.

É por este sonho de imortalidade que corremos riscos, lutamos, enfrentamos a toda poderosa morte, e morremos sem morrer. Tal como o salmão que morre para não morrer.

Hoje, é com tristeza que vejo pessoas que prometeram aproveitar o dia e viver, a refugiarem-se da vida com medo de morrer. Perdemos a motivação para viver e esse é o primeiro sintoma da morte. Perdemos o sentido da vida. Não lhe atribuímos mais valor. É uma propriedade que já não nos pertence. Foi-nos sonegada, nacionalizada. Somos seres semi-vivos que vivemos sem viver e morremos sem morrer.

No filme acima mencionado, entre muitas, há outra lição, ou outra frase motivadora: «não quero chegar ao fim da vida e descobrir que não vivi». Sabemos que perderemos a guerra, mas em cada batalha lutaremos para continuar a viver sabendo que só perdemos a guerra na última batalha em que lutamos.

Precisamos assim de um novo filme, que nos motive e nos traga de volta o gosto pela vida, a adrenalina do risco e do perigo, a emoção e conforto de sobreviver a mais um dia, e cada dia como uma nova provação como se fosse a última.

Num outro filme, Denis Quaid na personagem de Jerry Lee Lews dizia: « I may go to hell, but I go playing the Piano».

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

É branco ou Tinto? Cheio.

 


As pessoas comentam futebol como se aquela merda fosse matemática. Mais engraçado se pensarmos que depois do nono ano quase todos abandonam a dita.

Eu, sou camionista. Se percebesse de futebol seria treinador.

Em relação à bola, salvo raras excepções, limito os meus comentários à sabedoria que guardo acerca de vinhos: se sabe bem é bom, se sabe mal não presta.

Nunca consegui distinguir a merda dos taninos, muito menos as frutas vermelhas ou tão pouco as negras maduras. As bordas de cereja são um completo mistério, os sulfitos ou os aromas da maresia também. As especiarias nunca as encontrei, fossem marcadas ou subtis. Já a presença forte, nunca me deu para o encorpado. É sempre para a fraqueza nas pernas. A presença marcante, essa, só a encontro em copos cheios e acalcados. O amarelo-palha num vinho não me faz salivar – eu sei o que é palha e é coisa que não aprecio, muito menos no vinho – reflexos esverdeados ou rubis, passam-me ao lado que sou daltónico, e os aromas frutados de notas cítricas e florais fazem-me chorar pela estupidez do meu palato. Se o paladar for acídulo não lhe chamo vinho mas vinagre – não me parece boa propaganda para vender um vinho, mas eles lá sabem – já o final de boca deixa-me sempre a nostalgia do fim do orgasmo quando é bom e o alívio para a zurrapa.

«De cor vermelha e bordas violáceas, este vinho apresenta aroma de groselha e ameixas maduras com notas de chocolate. O paladar é de corpo médio, com bom volume em boca e taninos redondos, acompanhado de notas de cerejas negras. »


Nem a formação do Universo ou o sentido da vida me apresenta tantos mistérios como a quantidade de merdas que esta gente consegue encontrar num golo de vinho. Sou mesmo uma boçalidade.

 LOL! Taninos redondos é muito bom.

Agarrem na coisa e substituam vinho por chocolate, um bife, batatas, filetes de anchova, feijões ou grelos. Ou cona.

«de cor vermelha e bordas violáceas, esta cona apresenta aroma de groselha e ameixas maduras com notas de chocolate. O paladar é de corpo médio, com bom volume em boca (imaginem no pénis) e taninos redondos, acompanhada de notas de cerejas negras.»

Da mesma forma, nunca vi a defesa em quadrado ou o ataque em losango. Quanto à táctica confundo sempre o 4 3 3 com o 453,o 442 o 5321, o 334 ou o 2345. Só sei que são 11 mas só conseguem somar até 10 - por alguma razão deixaram os estudos para jogar à bola. Foras de jogo e faltas de intensidade relativa na bissetriz do retângulo da área ou do triângulo atacante, esquece. É muito complicado. No entanto sou fascinado pela força da técnica assim como  pela técnica da força, e não consigo encontrar um filho da puta  que me explique porque é que os jornalistas e comentadores insistem em substituir a quadragésima sétima internacionalização pela internacionalização quarenta e sete – lá está, talvez por terem deixado de estudar matemática no primeiro ciclo preparatório e também o português. Jogar em profundidade entre linhas com as linhas subidas a condicionar a pressão na saída para o contra ataque com a pressão dos alas na linha de ataque à entrada do segundo avançado no apoio ao segundo falso ponta de lança cheira-me a vinho marado. São somente 22 gajos atrás da bola e ás vezes marcam uns golos que vale bem a pena ver.

E o que me fode mesmo é andarem ali a trocar a bola dez minutos para trás e para a frente para depois a perder num passe desajeitado ou deixarem-na roubar dos pés por um adversário que se fartou de o ver ali parado a degustar frisantes do Vale do Tejo. Deixam-me o final da boca quadrado com aromas de cebola podre, paladar de batas estragadas e taninos de ovos ovais passados do prazo.

Nunca gostei de trabalhar para aquecer, mas já a beber dou-lhe um jeito .

-Oh Pacheco, é branco oun tinto?

- Cheio e acalcado.



ONDE ESTAVAS NO 25 DE NOVEMBRO DE 1975?


Onde estavas no 25 de Novembro?

Não faço ideia, mas suspeito que fiquei contente no fim do dia.


A 25 de Novembro de 1975 tinha 22 meses, 21 e meio vá. Não me posso lembrar, apesar de já andar mas ainda não ser tão refilão como hoje.


No princípio de Outubro de 75, eu, os meus irmãos a minha mãe e a minha avó, deixámos para trás a guerra em Angola. Depois de uns meses a fugir dos morteiros, obuses, rajadas de G3 e snipers em cima do mamoeiro, saímos de Nova Lisboa ainda em 74, ruma a cerca de um ano em Mossâmedes. Depois a fuga para a África do Sul, um campo de refugiados, o regresso a Mossâmedes, o êxodo para Luanda e finalmente a ponte aérea para Lisboa. O caos no aeroporto e as primeiras semanas em casa de familiares numa aldeia perdida algures na Serra dos Candeeiros.


O meu Pai e o meu Tio tinham ficado para trás. Agarrados à esperança. Sempre a esperança de não perder o fruto de décadas de trabalho árduo. A esperança do fim da guerra, de salvar o pouco que restava e de poder voltar à nossa vida, à nossa casa, à nossa terra, ao nosso país, que isto aqui não nos pertencia. Isto não era a nossa terra. Nada aqui se identificava connosco.


A 10 de Novembro, o meu pai foi um dos últimos a embarcar num navio de carga ucraniano ancorado na baía de Luanda, por debaixo do caos. Celebrava-se já a independência do dia seguinte por entre tiros de combate que se misturavam com os dos festejos. Pena que aos embarcados não restassem motivos para festa.
Alguns
dias num barco ucraniano, rumo a Lisboa, sob propostas e lavagem cerebral para rumar à união soviética onde ofereciam estudos, amanhãs que cantavam e estatuto social e político no regresso à futura República popular democrática de Portugal. Alguns foram. O meu Pai não. O que já tinha visto em Angola de 18 meses de tentativa de implantação de um regime marxista já lhe tinha chegado.

O barco entrou na Barra do Tejo ao fim do dia 24 de Novembro de 1975. O desembarque fez-se durante a manhã do dia 25 de Novembro.

Saiu de Luanda debaixo da chuva de artilharia e barricadas de revoltados marxistas cubanos, para pôr pé no cais de Alcântara de uma Lisboa em estado de sítio ocupada pelas forças revolucionárias marxistas do COPCON e do PCP.

Primeiro pensamento: «Guerra por guerra mais vale voltar para trás.»

Entre táxis e boleias, lá chegou à pequena casa, na pequena Aldeia perdida na pequena Serra de um país minúsculo onde o esperava no meio das incertezas a família da qual não havia notícias há dois meses. A família que há dois meses não sabia se era morto ou vivo.

É certo que não me lembro desse dia, mas certamente que houve alegria no final desse 25 de Novembro, de 1975, à lareira na pequena casa, da pequena Aldeia perdida na pequena Serra, de um país minúsculo.

quinta-feira, 3 de março de 2016

O Legislador

Para que serve tanta lei?

Estes  filhos de umas grandes rameiras  produzem tanta legislação, que se esquecem que sem fiscalização bem podem enfiar a lei pelos reais cagueiros acima. Ou limpar os ditos cujos.

Petições OnLine

Essa merda das petições, é o maior atentado que se pode imaginar à liberdade. Pretende ser cada uma delas uma prepotência absolutista contra os que acusam de prepotência absolutista. O quem não é por mim é contra mim, ou o quero posso e mando.
Eu sou um liberal, no verdadeiro sentido do termo. Defendo a liberdade acima de tudo. A minha e a dos outros. Sou tão liberal que estou perigosamente na fronteira de ser um perigoso anarquista. O que me impede de ultrapassar essa fronteira é o defender a liberdade dos outros. A minha acaba onde começa a dos outros. Esse é o pormenor que faz toda a diferença. Defendo que cada um deve poder gozar ao máximo as potencialidades da liberdade, nunca podendo esquecer porém que não me é permitido invadir a liberdade alheia sob pena de estar a impedir os outros de gozar em pleno a liberdade que defendo para mim.
Uma petição para impedir alguém de fazer algo que não invade a liberdade de ninguém, é em si mesma um atentado à liberdade.
Por exemplo. Um Estado que escraviza os seus cidadãos (se são escravos deixam de ser cidadãos, pertinências destas ditaduras parlamentares) fazendo-os pagar impostos até Agosto para que os cidadõas de primeira possam gozar livremete das suas vidas, é um gravissimo atentado à LIBERDADE DAS pessoas. Mas parece que esse não é todavia o conceito de liberdade de alguns.
Pode tardar, mas mais tarde ou mais cedo será inevitável. o liberalismo será o regime do futuro. Ou isso, ou o regresso ao absolutismo, nacionalista, populista, marxista, capitalista, escolham. A merda é a mesma saia de cagalhão duro ou de caganeira de esguicho.
A verdadeira liberdade do individuo, poder fazer o que quer sem interferir com essa mesma liberdade dos outros, será o próximo passo civilizacional. Mentalizem-se-
AH! E nada disto tem merda nenhuma a ver com essas parvoíces do liberalismo e neo liberalismo económico.
Por isso, tratem de enfiar as petições pelo real cagueiro acima

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O perigo da invasão migratória da Europa. Partes I e II


Para os menos atentos, esta foto capta o momento em que um camião ao fazer uma manobra, se vê forçado a parar a mesma, porque o motorista do camião azul, saiu da sua cabine e se foi colocar no espaço de manobra do outro camião a rezar, obrigando o outro a esperar que ele terminasse a reza. Poderia ter rezado noutro sítio que o parque é grande, mas foi ali. E o engraçado é que nem sequer está virado para Meca. Está virado para Norte, para o deus Thor.



Parte I
Se há coisa pela qual o passado é importante, é porque se nos conseguirmos manter atentos, podemos precaver o futuro.
Geralmente passa a ideia errada de que a perseguição aos judeus por parte dos nazis, foi uma questão de ódio racista. De pura maldade de um lunático. Errado. Não foi só.
Na análise do passado, o enquadramento histórico, social, político, cultural e económico é tudo. O ódio aos judeus não apareceu por acaso, nem da mente malévola e perversa de um homem.
Diz-se recorrente-menteque Hitler ganhou eleições, para justificar outros argumentos noutras discussões. É verdade. Eleições livres. Foi todo um Povo que escolheu o caminho.
Vamos então ao enquadramento.
A Alemanha sai da primeira grande guerra derrotada, destruída, falida e com pesadíssimas multas de reparações de guerra para pagar.
A solução encontrada foi algo que nunca tinha sido experimentado. Colocar a máquina das notas a trabalhar e pagar as dívidas rapidamente. Ora, aumento da massa monetária em circulação provoca inflação. O fenómeno foi de tal ordem que ficou conhecido por "super inflação". Um pão, no final de um dia custava 8 vezes mais do que na manhã do mesmo dia. O trauma foi de tal ordem que quase um século depois a Alemanha tem pavor a medidas de ajustamento que possam provocar inflação.
Se a situação era péssima, pior ficou.
Acontece que os tempos de crise não são maus para todos. Quem é que ganha? Quem tem dinheiro disponível para investir. É aqui que aparecem os Judeus.
Os judeus também precisam aqui de um pequeno enquadramento. Todo o sistema financeiro actual foi inventado pelos judeus. Foram eles que - muito graças às perseguições que sofreram durante a idade média e às movimentações e dispersão da comunidade que isso provocou - estabeleceram mecanismos de câmbio, de compra e venda de moeda e a respectiva especulação. A Alemanha dos anos 20 do século passado eram terreno fértil para a especulação financeira.
Em pouco tempo, os judeus tomaram conta da economia alemã. Tirando algumas famílias mais poderosas, os judeus foram tomando conta dos negócios, desde a indústria pesada ao pequeno comércio local.
Entretanto, o governo alemão percebe o erro rapidamente, e usam os judeus e a sua perícia financeira para resolver o problema. Embrulham a dívida alemã num embrulho muito bonitinho e começam a exportar para a pujante economia norte americana e seus bancos. Tal embrulho hoje é conhecido por ''lixo financeiro'' ou ''activos tóxicos''. Resultou na crise de 1929 (outra história).
Os alemães resolvem assim o problema com medidas de desvalorização salarial em vez de cambial (política que ainda hoje prevalece), forte austeridade, e a economia começa a crescer rapidamente. Mas maioritariamente na mão dos judeus. É aqui que aparece o nacionalismo populista. Partido nazi.
O partido nazi, era essencialmente formado por homens bem formados, educados cultos, sempre bem vestidos, organizados e muito disciplinados. Um oásis de ordem, num país caótico, de fome e miséria, controlado por judeus.
O povo alemão não estava contente. Perderam uma guerra, um país destruído, grave crise financeira, sucessivas banca-rota, e de repente acordam num país que já não é seu. A pólvora já temos, só falta o rastilho.
Nos meus tempos de rapaz novo, quando se via uma rapariga jeitosa com ar sonhador os rapazes costumavam dizer, "a esta até lhe prometo o castelo de Porto de Mós, os Jerónimos e a torre dos clérigos".
Foi o que fez o partido nazi. Prometeu uma Alemanha para os alemães. Disseram às pessoas exactamente o que elas queriam ouvir, nem mais nem menos. A partir daqui só tinham que desenhar, construir a ideologia e a política adequada, e foi o que fizeram.
O bode expiatório: os judeus.
Veio a acusação, a culpa, a discriminação, a perseguição, a expulsão, a morte. O resto da história já todos conhecemos.

Parte II

E é por conhecermos o resto da historia que temos a obrigação de evitar problemas idênticos no futuro. Os sinais, os sintomas estão já à vista de todos, só não vê quem não quer ver.

A abertura indiscriminada das nossas fronteiras à invasão de estrangeiros, pode, e trará certamente desequilíbrios graves nas estruturas da  nossa sociedade, económica, social e culturalmente. Não estou a falar em acabar com o nosso estimado principio da defesa da multiculturalidade, da integração, da liberdade de culto. nada disso. Estou precisamente a falar do contrário disso. Estou a falar da defesa desses mesmos princípios.
A nossa sociedade multi cultural, tolerante e livre, pode estar em perigo se deixamos que outras culturas, outros povos, outras religiões, usem a nossa própria liberdade, a nossa tolerância e aceitação do direito a ser diferente para impor os seus dogmas, e a sua ortodoxia anti cultural, anti liberal e anti tolerante.

É isto que está a acontecer com a invasão islâmica da Europa. Todos sabemos que o Islão, não é liberal, não é tolerante nem aceita a livre convivência com outras culturas e religiões. Eles auto assumem-se como os únicos verdadeiros, e tudo o mais é infiel e só tem um destino. A destruição.

Só poderemos aceitar a coabitação na nossa sociedade com essas pessoas, se elas aceitarem a nossa cultura, a nossa forma de viver, a nossa liberdade. Seremos tolerantes com os tolerantes. Não podemos ser tolerantes com quem não nos reconhece o direito à vida. O ditado é antigo; ''para a terra onde fores viver, faz como vires fazer'' É precisamente isso que os muçulmanos não fazem. Eles vem viver para a nossa terra, e querem implementar os seus hábitos, costumes, cultura e religião. Ora isto não é um movimento migratório. Isto é uma ocupação declarada.

Nós queremos manter a nossa sociedade com os princípios que defendemos e se possível fazê-los evoluir para uma sociedade mais rica de valores civilizacionais. Não queremos voltar às trevas da idade média.

Os sinais estão à vista de quem quer ver, e muitos de nós no apelo à tolerância estão a dar sinais errados, na direcção errada. O Charlie Hebdo foi atacado por afrontar o profeta dos Muçulmanos. Meses depois, em nome da tolerância, decretou o fim às sátiras ao Islão. O invasor, a barbárie a intolerância ganharam. Os nossos princípios perderam. Presidentes de câmara por essa Europa fora que tomam medidas especificas para não afrontar os muçulmanos e o seu da a dia. É a aceitação da lei Islâmica a Sharia em certos bairros, é a absolvição por parte de uma juíza alemã a um homem que agrediu a mulher porque a lei da sua religião o permite São a submissão da liberdade e da tolerância ao absolutismo e opressão.

Sinais certos são os dados pela Noruega que não aceita a existência de mesquitas no seu território, se a Arábia saudita não aceita a existência de igrejas no seu território. São a proibição do uso da burca na Suiça.

Se continuarmos a permitir esta invasão de quem não aceita a nossa forma de vida e os nossos valores civilizacionais, um dia destes vamos todos acordar num país que não é o nosso. Vamos acordar com leis que não são as nossas. Vamos acordar submissos a uma cultura que não é a nossa, submissos a princípios que não são os nossos.

E o que vai acontecer então? Ou nos submetemos, ou nos revoltamos. Como não acredito na submissão, porque não é possível aprisionar um pássaro que nasceu livre - quer dizer, possível é, mas que ele vai lutar até à morte às bicadas às grades da gaiola, isso vai - só nos resta o caminho da revolução. E uma coisa vos posso garantir. A tolerância e a moderação nunca ganharam uma guerra. São princípios de paz. Mas para obter a paz, é preciso fazer a guerra - principio de César.

Ora, coisa que não falta nesta nossa Europa livre e tolerante, são extremismos populistas e radicais, que estão prontos a dizer às pessoas exactamente o que elas querem ouvir. Seja em dizer ''Vota em mim que eu livro-te de austeridade'' seja ''vota em mim, porque comigo a Europa será dos europeus''.

Uma máxima que defendo para mim há muitos anos é a de que os problemas não se resolvem, evitam-se. É sempre mais fácil e barato evitar problemas, porque um problema quando existe implica que já provocou estragos. A Austeridade provoca sofrimento, sacrifícios às pessoas. Então e se se tivessem aplicado politicas correctas antes para evitar os desequilíbrios cujo ajustamento obriga à austeridade? Nesta ordem, melhor do que termos de andar a colar quartos crescentes no peito dos muçulmanos daqui a uns anos - como outrora se colaram estrelas - ou a ter que os expulsar e matar, voltando a cometer os erros e as vergonhas do passado, melhor será que agora, já, ontem já era tarde, comecemos por controlar e colocar ordem em todos aqueles que querem viver na nossa terra de tolerância e de liberdade. Se não são esses os valores que defendem, então lamentamos mas não podem viver em nossa casa. Liberdade não é libertinagem.À vontade não é à vontadinha. Um principio básico da liberdade e da democracia, é que a minha acaba onde começa a tua, logo, não me podes cercear da minha para beneficio da tua.

Como dizia Sócrates '' Não se deve responder à injustiça com a própria injustiça, pois não nos é permitido ser injustos''. Não nos obriguem por isso a ser injustos.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Carta Aberta a António Costa

Senhor António Costa.
Saberá que em tempos, a politica foi uma profissão,  digo, ocupação de gente séria, informada, culta, que trabalhava.
Hoje  a coberta da confusão entre liberdade de opinião e imunidade de insultar, essa profissão,  digo ocupação respeitável é degradada por desqualificados,  incapazes de terem uma opinião e saberem discutir as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher os tempos de antena que lhe são reservados.
Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem nem conhece?
Como não vale a pena processá -lo, envio-lhe esta mensagem, para que não tenha a ilusão que nem todos lhe admitem julgamentos de carácter,  nem que tenha qualquer dúvida sobre o que penso a seu respeito.
Américo Varatojo

quinta-feira, 23 de abril de 2015

O perigo das propostas do manifesto dos doze

Um anterior governo deixou o país na ruína, à beira da banca rota. Tinham prometido 150000 empregos, e o desemprego subiu de 400000 desempregados para 780000. Prometeram um choque tecnológico,  que se traduziu num brinquedo para os garotos. Prometeram crescimento e prosperidade e o que o país recebeu foi a banca rota e a inevitável perda de soberania.

O país ficou doente. Precisava de um plano de cura. Uma intervenção cirúrgica para reformar a estrutura da economia.

Durante o tempo que durou a intervenção externa,  os senhores que negociaram e assinaram essa intervenção,  estiveram sempre contra ela. Houve apenas um momento em que isso não aconteceu.  Foi a reforma do IRC.

Passaram-se quatro anos. As reformas de que o país precisa estão longe de estar concluídas. O trabalho de reformar o Estado ainda mal começou.  Na economia alguma coisa foi feita.  Mas na esfera da administração pública, está quase tudo por fazer.

Mas há quem não pense assim. Há quem pense que o país já está em condições de voltar a 2005. Há quem pense que o futuro está num regresso ao passado. Às promessas dos rios de mel.

Convém aqui lembrar, que uma reforma política ou económica só o é se se prolongar no tempo. Se quatro anos depois mudar-mos de rumo, o tempo, esforço e dinheiro despendidos tornam-se em lixo. Esta estratégia dura há quatro décadas. De cada vez que muda o governo atiramos com as reformas para o lixo. Os políticos brincam, o Povo paga.

O problema deste manifesto é que não há reformas. Não há um conjunto integrado e dinâmico de medidas que garantam a continuidade das reformas económicas, que garantam o emprego e o crescimento.  Não há uma proposta sequer no sentido de reformar e requalificar a administração publica. Não há uma proposta para reformar a administração territorial.

Tudo o que o manifesto apresenta são um conjunto de medidas avulsas, que custarão muito dinheiro ao Estado, que vão agradar a muita gente no curto prazo, mas que todos vamos pagar daqui a 5 ou 10 anos.  Foi assim com as PPP. Este manifesta representa um passo atrás na vida do país e das pessoas.

Ainda para mais,  as medidas são fantasiosas.
- Reduzir o desemprego para 7% em 4 anos. Significa criar cerca de 450000 postos de trabalho em 4 anos. Como é que se reempregam 450000 pessoas sem uma reestruturação da economia? Estas pessoas estão desempregadas porque o seu posto de trabalho desapareceu, foi extinto, foi embora para outro país.  Se não houver uma aposta na atracção de novos investimentos,  que criem novos postos de trabalho,  e trabalho qualificado que tenha uma elevada componente de valor acrescentado,  o país não cresce. Mas as pessoas que estão no desemprego não têm essas qualificações. Sem esta aposta a médio e longo prazo,  o desemprego nos próximos 10 anos, dificilmente baixará dos 12%. Ora este manifesto propõe acabar com a contratação a prazo, e dificultar o despedimento,  não garante a estabilidade fiscal, e reverte a baixa do IRC com um aumento do mesmo. Assim não haverá investimento.  Antes pelo contrário.  As empresas vão continuar a fugir. Eu por mim falo. A Renova por exemplo, poderia ter investido em Portugal,  mas não. Foi abrir uma nova fábrica em França.  Porque será?  Salários mais baixos?  Não me parece.
- Para agravar mais o cenário ainda, este manifesto dos doze, propõe aumentar o investimento publico e  participação do Estado na economia. Ou seja, investimento em bens não tranzacionaveis. Aumento do consumo interno. Ora devido à debelidade da nossa economia e das nossas empresas, isto vai resultar num aumento das importações.  Vamos voltar a colocar a balança comercial negativa, e vamos aumentar de novo o endividamento externo. Voltaremos a 2011. Porquê?  Porque a solução deste manifesto só funciona no curto prazo. A médio e longo prazo não é de todo sustentável.
Mas é claro que o PS não está preocupado com isso.  Como sempre, quem vier atrás que feche a porta.

Era uma vez um passarinho que estava à chuva numa noite de muito frio. Nisto passa uma vaca e ele queixou-se que estava molhado e com muito frio. A vaca vai, e caga-lhe uma grande bosta em cima. A merda da vaca estava quente. O passarinho deixou de ter frio, mas contudo, estava molhado e, ... no meio da merda. Entretanto a vaca foi-se embora.
Nisto passa uma raposa.  E o passarinho queixou-se que estava na merda.  A raposa logo se comprometeu em ajudar o passarinho a sair da merda. E vai daí,  comeu o passarinho.
Moral da história: nem todos os que te põe na merda te querem mal. E nem todos os que prometem tirar-te da merda te querem bem.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

A ditadura parlamentar.

Este país é ou não é um mimo?
Só no ano passado,  a autoridade tributária portuguesa abriu 18000 processos crime a contribuintes. A sua congénere norte americana abriu 1500.
Portugal tem um universo de cerca de 10 milhões de contribuintes.  Os EUA 360 milhões.

Ora, no país onde o Estado constantemente viola a constituição,  invertendo o ónus da prova no combate à evasão fiscal,  também o tribunal constitucional chumbou um projecto de lei que pretendia combater a corrupção, porque precisamente violava o dito ónus da prova.
O estado está assim autorizado a violar a constituição. O comum do contribuinte não.
O mesmo estado, que tão eficazmente combate a evasão fiscal sob o método, penhora agora, pagas e reclamas depois, sem que haja culpa formada ao contribuinte,  é o mesmo estado que oito meses depois do afundanço do maior banco privado,  ainda não conseguiu constituir arguidos no processo.
Uma comissão parlamentar de inquérito, ministério das finanças,  CMVM, banco de Portugal,  Ministério Público.  Nenhum ainda conseguiu encontrar culpados. Ou tão pouco suspeitos.
No entanto,  quando aparece um cidadão que diz que sabe o que se passou e que sabe quem são os culpados, convocam-no a prestar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito,  e fica tudo espantado por o senhor apenas apresentar umas quantas listas com nomes, redigidas por si próprio.
Não!! A sério, estavam à espera de quê?  Que fosse Paulo Morais a emitir um mandado de busca e captura, e fosse a casa buscar e interrogar os suspeitos? Que os julgasse e pusesse atrás das grades?
Ele disse onde deviam procurar. Gozaram com Paulo Morais, não por ele apresentar uma simples lista. Gozaram com ele porque todos estão fartos de saber o que ele sabe. Ele serviu apenas de bobo de serviço.

Na Suécia,  existe uma lista vip. Ao contrário da nossa, não serve para proteger os dados dos vip. Serve para controlar diariamente até à exaustão cerca de 5000 contribuintes.  Contribuintes que são passíveis de promover corrupção, porque  ocupam cargos de decisão de topo, tanto nos negócios públicos como privados.
Em Portugal,  um contribuinte que não paga o selo de um carro que já não circula há dez anos leva com uma penhora e um processo crime sumário e à revelia, sendo apenas notificado após a decisão.
Em Portugal,  aqueles que levam bancos e empresas à falência,  e até o próprio Estado, pavoneiam-se por aí alegremente a gozar com o pagode.

À classe política serve o actual sistema de controlo exaustivo das massas. Quanto mais o Estado controlar, mais dinheiro os políticos movimentam. Maior é o seu poder de comprar votos. Mas as pessoas tendem a esquecer que estão a ser compradas com o seu próprio dinheiro.
Isto não é um estado de direito. Isto é uma ditadura parlamentar, onde os cidadãos só têm a liberdade e os direitos que a classe política e dirigente lhes permite ter.
Se no Estado novo o Povo era controlado ao ser-lhe retirado toda e qualquer possibilidade de ter e expressar a sua opinião politica, agora pelo contrário,  temos a liberdade de insultar os políticos,  mas é só isso.
Vivemos a ditadura das rendas garantidas, dos preços concertados, dos impostos, do pagas primeiro reclamas depois, das hipotecas, dos sindicatos, dos interesses instalados, dos políticos profissionais que tudo fazem para garantir o emprego.
Um Estado que não deveria custar mais de 30% do PIB, custa 55%.
Mais de metade do que o país produz, vai directamente para as mãos dos que nada produzem. Chamam-lhe Estado Social. Prometem às massas que menos têm que lhe vão redistribuir o que tiram aos que mais têm.  Esquecem, é que são os que menos têm,  que na realidade estão a garantir as rendas dos que mais têm.
Se isto é socialismo, vou ali e já venho. Não.  Talvez o melhor seja mesmo não voltar.

Pensem nisto quando votarem.ok?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Os inquisidores.

Aos treze anos, fui à garrafeira de meu pai, na companhia de um amigo meu,  agarramos numa botelha de tinto da cal, e fomos para os penedos. Vinho quente, no verão, à hora da sesta. Afinal, uma bebedeira era aquilo.
Desconfio que na história da humanidade, este não foi um caso isolado.

O governo prepara-se para aprovar legislação que proíbe a venda e o consumo de álcool a menores de dezoito anos.
Já era proibida a venda a menores de dezasseis anos. Mas nem por isso dei conta que os jovens tenham deixado de consumir álcool.
Os hábitos de consumo sim, acredito que tenham mudado. Se antes o experimentatavam no seio do ambiente familiar,  agora fazem-no às escondidas. Se antes bebiam vinho ou cerveja, agora bebem bebidas destiladas de alto teor alcoólico.

Não pretendo fazer aqui uma apologia do consumo de álcool na adolescência.  Nada disso. Aceito bem a mudança dos tempos. Se antigamente os putos comiam sopas de cavalo cansado ao pequeno almoço,  agora já não vão para a escola bêbedos. Agora vão para a escola a tombar de sono porque estiveram agarrados na Internet e a jogar playstaition até de madrugada. Muitas vezes com os pais. Entre as duas venha o diabo e escolha.

O que me incomoda nisto é a prepotência estalinista dos nossos políticos, governos,  em impor por força de lei a mudança de hábitos das pessoas.  Se deveria ser a lei a adaptar-se às mudanças,  é a lei que impõe as mudanças.

Compreendo que esta medida fique bem. É uma preocupação que parece bem nos media, perante outros povos outros paises. É uma lei moderna, que parece bem e garante votos. Mas infelizmente não vai alterar nada. Primeiro porque o Estado não tem meios nem tem condições para fiscalizar a aplicação da lei. Segundo porque a nossa sociedade civil não está preparada. Não estou a ver os supermercados, mercearias, tascos, cafés e restaurantes a pedir identificação a todo o galfarro ou chavala  com três pelos na cara ou mamas do tamanho de melões. Também não estou a ver a sociedade civil a bufar tais incomprimentos legislativos. Já para não falar dos assaltos às garrafeiras dos progenitores e similares.

Os jovens vão continuar a fazer asneiras, a cometer excessos,  a ser irreverentes, a ser irresponsáveis às vezes, seja qual for a lei. Afinal ser jovem é isso mesmo.  Ou será assim, ou estaremos a criar uma geração de totós.

Há outra coisa que também não entendo nesta proposta. Um jovem de dezasseis anos pode trabalhar, prover ao seu sustento e pagar impostos ao Estado. Pode até fazer tatuagens, piercing, bazar para concertos e fazer abortos às escondidas dos pais. Mas pelos vistos está impedido de gozar na plenitude os seus direitos de cidadão e exercer o seu livre arbítrio, bebendo uma mini fresquinha, ou uma lambreta.  Porquê?  Porque há uns senhores ditadores no governo que se auto proclamam ao direito de decidir pelos demais em matérias que não lhe dizem respeito.

Eu sou um liberal convicto.  Um liberal que entende o liberalismo como liberdade de escolha e de decisão.  Liberdade de escolher o que quero para mim, desde que isso não interfira com a liberdade de escolha dos demais. Ora esta lei, interfere claramente com a minha liberdade de escolha enquanto cidadão com menos de dezoito anos.
Exemplo: a lei que proíbe fumar em locais fechados e públicos, é uma boa lei. Não retira ao cidadão o direito de escolher se quer ou não fumar, mas protege os direitos e opções dos que não fumam nem querem levar com o fumo dos outros.

Será que um cidadão não pode ter o direito de praticar actos que lhe sejam prejudiciais,  desde que isso não prejudique mais ninguém?

Esta mania inquisitorial, prepotente, estalinista, fascista (o que lhe quiserem chamar) que os governos socialistas e socializantes têm de se substituir aos direitos e liberdades de decisão das pessoas. Sim. Este é um governo socialista.  Aumenta impostos até ao limite, estanca a redução de despesa de acordo com o interesse político e legisla em abundância sobre os hábitos e direitos das pessoas.

Ao Estado o que é do Estado.
Às pessoas o que é das pessoas.
As pessoas dão aos responsáveis pelo Estado o poder de gerir o Estado. Deveria restar às pessoas o poder, a liberdade e o exercício do livre arbítrio para gerir as suas próprias vidas.
Será pedir muito?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Uma inovação chamada revolução ucraniana.


O Mundo está a mudar. O Mundo nunca parou de mudar. A humanidade em certa altura e ainda hoje em certos sítios tenta impedir essa mudança, mas em vão. O Mundo não pára. O Tempo não pára. A Humanidade muito menos.
Essas mudanças tornaram-se cada vez mais rápidas a partir do Renascimento. Essas mudanças ganharam velocidade de cruzeiro com a Revolução Industrial. Essas mudanças atingiram velocidade supersónica com a revolução informática. Essas mudanças atingirão a velocidade da luz antes do fim deste século.
Normalmente o primeiro passo para a mudança é um avanço tecnológico, que desencadeia um proveito económico, que por sua vez provoca alterações sociológicas e que normalmente culmina numa alteração cultural. Foi sempre assim ao longo da história. O que somos hoje é fruto de todas essas marcas deixadas na capacidade que o ser Humano tem de guardar, acumular e fazer passar de geração para geração informação. A nossa cultura é o que somos, é a biblioteca do conhecimento acumulado e preservado e disseminado.
Neste momento, a Humanidade enfrenta um desafio colossal. As inovações tecnológicas e a sua implementação prática na vida das pessoas é tão rápida, que a Economia, a Sociedade e a Cultura não estão a revelar capacidade  suficiente de adaptação. Isso prejudica o equilíbrio da sociedade. Quando uma sociedade é desequilibrada, é natural que se procure o seu equilíbrio, afinal a ordem nasce do caos. Aí fica a descoberto um desequilíbrio maior. Quando surge a solução para uma ordem, já a tecnologia avançou tanto que o triunvirato ESC ( Economia, Sociedade, Cultura) estão outra vez atrasados na solução. Isto gera uma constante desordem. O ESC tem revelado uma incrível incapacidade de acompanhamento do Avanço Tecnológico (AT).
Numa primeira fase do AT, o ESC pareceu acompanhar de forma rápida e segura. A Crise financeira que rebentou em 2008 veio revelar o contrario. O ESC errou na solução, e de repente deixa de ter solução para o que quer que seja. A coisa piorou quando numa primeira fase pensou que podia resolver o problema com as mesmas ‘’soluções’’ do passado. Ora, quando há uma crise, a primeira coisa a fazer é mudar, adaptar. Isso não foi feito. Insistiu-se no mesmo, e entretanto o AT continua imparável acentuando o fosso de caos entre os dois.
Dentro do ESC, a primeira a tentar reagir foi a Economia, mas falhou no diagnóstico, consequentemente, falhou a cura. Nisto, a Sociedade não está pelos ajustes e rebela-se, a Cultura diz que isto não é nada com ela e os outros que se amanhem.
Tunísia, Argélia, Egipto, Líbia, Grécia, China, Rússia, Venezuela, Bangladesh, Sudão, Irão, Síria, Brasil, etc etc , todos eles deram sinal que a sua classe politica não estava a resolver os seus problemas, e que não concordavam minimamente com o rumo que a Economia estava a seguir com a conivência de uma classe politica que deveria ser representativa dos interesses da Sociedade mas que na verdade estava a defender os interesses da Economia. Mas no final, a solução apresentada por todas estas manifestações de desagrado resultaram em soluções erradas ou em não soluções que acabaram irremediavelmente por voltar a beneficiar sempre os interesses da Economia.
Aparece no entanto dentro da Economia uma facção com uma ideia diferente e inovadora. A Economia tem de ser vocacionada para interesse do AT, da Sociedade e da Cultura, beneficiando desta forma e por inerência o interesse da própria Economia. Acontece que essa solução apresentada tem condicionantes. Uma responsabilização da ESC no seu todo, e um grande sacrifício no curto e médio prazo por parte de cada uma destes três membros do triunvirato. A Economia divide-se nas suas opiniões, a Sociedade e a Cultura radicalizam-se numa negação. Ficamos num impasse. Cada uma das facções continua na defesa do seu pequeno reduto.
Eis que um belo dia, um certo país chamado Ucrânia, estando numa situação complicada fruto das criminosas promiscuidades entre poder económico e politico que não defendiam nem representavam os interesses da Sociedade e da Cultura, o poder económico deste país resolve fazer mais um de tantos acordos já feitos para ir atenuando a débil e grave situação financeira do país, hipotecando cada vez mais o seu futuro, acontece que a Sociedade e a Cultura não estão pelos ajustes. Em vez de fazerem mais uma manifestação como tantas outras que vinham a ser feitas por esse Mundo fora, resolveram introduzir uma inovação.
Nós não estamos contra que se hipoteque o nosso futuro em troca de dinheiro. Nós não estamos contra os sacrifícios que nos são impostos. Nós somos contra a que se hipoteque o nosso futuro a este, mas não aqueles.
O Povo ucraniano, não só disse o que não queria, mas disse o que queria, e mais do que isso, sabe perfeitamente o que quer. Está esclarecido e sabe que caminho quer fazer. O Povo Ucraniano, numa primeira fase não exigiu a demissão do presidente. Exigiu que não se assinasse um acordo de cooperação com a Rússia e que se desse primazia nessa cooperação à EU e aos EUA. O presidente não acedeu, o Povo saiu à rua. O presidente atirou a matar, o Povo não se intimidou. O poder politico e militar abandonou ou presidente e tomou o partido do Povo. Aconteça o que acontecer o Povo venceu. O poder político e militar teve o bom senso de tomar o partido do Povo. A manifestação Ucraniana, foi de todas a que teve uma verdadeira revolução. Porque algo mudou. E em tempos de crise o que se exige é que as coisas mudem.
Este é o exemplo da Ucrânia que devemos seguir. O exemplo da mudança, das alternativas, da adaptação à realidade.
O Mundo vai invariavelmente continuar a sua evolução, a sua transformação. É tempo de todos meterem na cabeça que as adaptações e as mudanças têm de ser contínuas, simples, eficazes e rápidas.
A metáfora que me surge é a de um carro de fórmula um conduzido por um cocheiro. Se temos um AT de fórmula um, então precisamos de um ESC com capacidade e competência para o conduzir.

O ESC tem de imperativamente reagir de forma rápida e assertiva. Não pode continuar a viver de ilusões, de burocracias, e de joguinhos de interesses que beneficiam sempre os mesmos. A Ucrânia mostrou que há um caminho diferente. Não demorará que outros lhe sigam o exemplo.

As Virgens


Um estudo recente levado a cabo na União Europeia, dá conta que uma em cada três mulheres sofre ou já sofreu alguma vez algum tipo de abuso físico e/ou sexual. Noventa e sete por cento das vitimas de abusos são Mulheres.
Não acredito em explicações simplistas. Acredito em coincidência, mas não como forma de explicar seja o que for. Se alguma coisa acontece, se existe uma acção, esta desencadeia uma reacção. Acredito piamente que para tudo há uma explicação lógica e racional. Podemos não a conhecer, podemos nunca a vir a conhecer, mas isso não implica que ela não exista. Como tal, e partindo desse principio que para tudo existe uma explicação lógica e racional, não é de todo disparatado pensar que para cada problema existe uma solução. Podemos claro está não a conhecer, mas nada impede que ela não exista.
Deste modo, é óbvio que para este problema da violência de género terá de haver uma solução. Isto partindo do principio de que é um problema. Se é um problema, é tempo de o encarar como tal e começar a procurar as soluções por mais escondidas e desconhecidas que se encontrem.
O raciocínio lógico tem esta coisa louca e fascinante, quase esquizofrénica, de suscitar cada vez mais dúvida e interrogações à medida que nos aprofundamos nos assuntos. E o que nos diz o raciocínio lógico neste caso? Se existe um problema existe uma causa. Se existe uma causa, é preciso aniquila-la para anular o fenómeno causa-efeito na origem.
-E o que poderá estar na origem da violência de género?
- Genes?
-Cultura?
- Personalidade?
-Doença?
É cada vez mais comum, ver transformadas em doenças do foro psicológico ou psiquiátrico, marcas de personalidade. O puto não está quieto nas aulas. Síndroma de falta de concentração? A indústria farmacêutica tem drogas para isso. Droga-se o puto. O puto fica quieto nas aulas. Está tudo bem. Problema resolvido. Acontece que isto pode levantar um outro problema. Uma geração de putos drogados, que quando se tornam adultos, descobrem que afinal existe uma coisa chamada de realidade e que não é nada daquilo que lhe disseram que era.
O problema que a minha mãe me tinha evitado se tivesse dado uns calmantes aos cabritos. Mas afinal, não é normal os cabritos pularem, brincarem e fazerem asneiras? Não é normal que uma criança seja irrequieta e desatenta?
Voltando à vaca fria. O que estará verdadeiramente na causa da violência de género? Serão os homens umas bestas insensíveis e animalescas que por deleite e sadismo exercem actos violentos sobre as mulheres?
Nunca gostei de apontar o dedo a ninguém, por duas razões essenciais: primeiro não sou perfeito; segundo acho que em sociedade, um indivíduo nunca age de forma isolada, é sempre influenciado, existe sempre uma influência, existe sempre uma resposta, uma reacção a uma ou varias acções. Não quero com isto desculpar o que quer que seja ou quem quer que seja. Acho sim, que é tempo de começar a procurar as causas e as soluções noutras paragens. É tempo de deixar de apontar o dedo, e começar a olhar para o espelho para nos conhecer-mos melhor a nós próprios, das nossas capacidades e limitações, dos nossos defeitos e das nossas virtudes. Quantas vezes passamos longos momentos à procura dos óculos sem nos aperceber de que se não os tivéssemos postos não os conseguíamos procurar?

É certo que há homens que são autênticas bestas. Mas não é menos certo que há mulheres que são autênticas armas de tortura psicológica. Como em tudo na vida, não há inocentes, e até as virgens mais tarde ou mais cedo descobrem os prazeres do chocolate.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Simplesmente Banal.

Portugal, um país banal, ou banalizado? 

Banalisaram a revolução
Banalisaram os direitos
Banalisaram os sindicatos
Banalisaram as greves
Banalisaram as manifestações
Banalisaram a indignação
Banalisaram a banca rota
Banalisaram a ajuda externa
Banalisaram os partidos
Banalisaram a política
Banalisaram os políticos
Banalisaram os órgãos de soberania
Banalisaram as instituições

O Tribunal constitucional é a última das banalizaçoes

Manias pá!!!

Estou a pensar na palavra "download".
Ouço uma entrevista de Van Morrisson (coisa rara), onde às tantas ele diz, " i'm not a downloaded artist".
Como se diz isto em bom português? 
Os brasileiros dizem " baixar". Por isso acredito que não seja difícil um artista brasileiro dizer " não sou um artista muito baixado", naquele tom despreocupado e descontraído dos brasileiros. 
Já em Portugal a coisa fica mais difícil, devido não só ao nosso ar maniento como se mais ninguém tivesse um alfinete enfiado no cu, mas também devido à nossa mania de nos armar-mos ao pingarelho importando estrangeirismos como quem come tremoços.
Isto nota-se mais, quando começamos a tomar contacto com outras línguas. Ouvimos as pessoas a falar, e pela formação da palavra ou da frase identificamos imediatamente o contexto.
Já em "bom" português de Portugal, ouvimos certas pessoas a falar sem conseguir perceber puto do que estão para ali a dizer. No fundo é como a sinalética toponímica, saímos da auto-estrada ou da rotunda seguindo um nome, mas depois esse nome desaparece misteriosamente para toda a eternidade.
Penso nisto também quando ouço certa gente falar nas conquistas e nas liberdades de Abril. Esta é precisamente uma das liberdades que Abril nos roubou. A liberdade de ser-mos nós próprios enquanto povo e nação. Perdemos o orgulho em ser-mos portugueses, e conquistámos uma vergonha saloia da nossa própria identidade.
Isto permite também, que muita gente fale daquilo que não sabe, fazendo no entanto passar a ideia que é um doutor. Isto é até muito conveniente numa sociedade em que um burro que use gravata é um doutor.
Se juntar-mos a isto, o facto de passar-mos a vida a mudar os nomes às coisas, em especial às profissões, então o quadro fica completo, e facilmente se percebe porque passamos a vida a perder parte da nossa soberania para terceiros. Não sabemos quem somos. Perdemos por completo algures num passado recente a nossa identidade. Perdemos o que nos unia. A nossa cultura, os nossos costumes e tradições. Envergonha-mo-nos de nós próprios.
Chamamos cultura a danças, músicas, encenações e pinturas que 98% da população não entende e com a qual se aborrece. Desprezamos o sangue do nosso povo, em detrimento de uma cultura importada e pseudo intelectual típica da fidalguia queirosiana, e completamente alheada da vida e das rotinas de quem trabalha.
A cultura, é o espelho de nós próprios que usamos nos tempos de ócio, que retratam o que fazemos nos dias de trabalho.
Cultura, não é uma imposição ideológica, imposta às massas pelo autoritarismo faccioso de pseudo intelectuais, que exigem financiamento de um povo que desprezam.
O resultado, foi uma quase completa perda da nossa herança cultural, para uma dependência quase toxica de tuguices e pimbalhadas.
Talvez seja tempo de subir as escadas, abrir o alçapão, apanhar com umas teias de aranha nas trombas, e escarafunchar por entre as brumas do pó, pelos artefactos da nossa história.
Atenção: esqueçam a alternativa cinematográfica norte americana de baixar à cave. É que em Portugal, a cave era onde habitavam os animais, ou em alternativa, era onde se armazenavam os víveres.
Talvez seja por isso melhor, pensar em descarregar algumas dessas memórias e arquivos para o ambiente de trabalho, para evitar ter que fazer um apagão do sistema e ter que reinstalar e programar tudo de novo outra vez.
E agora, depois de tanta verborreia, acho que estou a precisar de um up-grade. E porquê? Porque nós pimba!

A Utopia é afinal possível!

Sim. A utopia comunista vai ser possível um dia. No dia que deixar-mos de ser humanos e passarmos a ser máquinas
No dia em que nos libertar-mos da ditadura dos genes e da escravidão do ADN.
Ai sim seremos totalmente livres. Pena mesmo é já não ser-mos nós próprios. 
De que vale ser livre se nunca se foi prisioneiro?
De que vale ser bom se nunca se foi mau?
De que vale ser justo se nunca se foi injusto?
De que vale andar depressa, se não houver quem ande devagar?
Só de uma resposta estou seguro: se a Natureza nos quisesse a todos iguais, o universo seria certamente uma grande massa de Hidrogénio. E até aí é preciso reconhecer que o electrão, o protão e o neutrão são diferentes entre si.
Não deixa por isso de ser irónico, que a esquerda, incansavelmente reclama para si o mérito de lutar pela igualdade de direitos e oportunidades precisamente para aqueles que reclamam o direito à diferença.
Pode o interruptor estar ligado e desligado ao mesmo tempo?
Acaso há por aí algum génio da física quântica que me possa ajudar?

PROCESSO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO.



Tempos difíceis se vivem hoje em dia.
Graves e profundas crises de várias ordens por todo lado. Económicas, culturais,financeiras. As sociedades mudam. A tecnologia evoluiu a um ritmo alucinante. As pessoas movem-se com mais facilidade e mais rapidez, a informação viaja à velocidade da luz. O comércio é global.

O aparecimento de crises é a coisa mais natural da vida em sociedade. Todas as sociedades são organizadas. De uma forma ou outra, cada uma tem o seu ritmo. Com a globalização e respectiva influência mútua entre sociedades, é natural que as sociedades tenham de se ajustar e adaptar às transformações que vão ocorrendo. A crise surge assim como uma dor, um sinal de alarme que informa o cérebro que algo está errado em determinado local ou órgão do corpo.

O aparecimento de tanta crise ao mesmo tempo em diversos países e regiões do globo havendo mesmo várias que se sobrepõe às outras, revela que as transformações na vida das pessoas dos países e das sociedades são tão grandes e rápidas que as sociedades não conseguem acompanhar tais transformações. E claro, como há sempre culpados, os primeiros visados são os políticos e governantes. Cabe-lhe a eles a tarefa de definir as políticas de ajustamento social, cultural e económico. Surgem aqui logo dois problemas iniciais: vontade governativa e capacidade governativa dos responsáveis para explicar da necessidade e aplicação e concretização das medidas.
Há sociedades onde os governantes simplesmente não têm vontade política ou são forçados por força de interesses a não proceder às transformações necessárias. E há países onde havendo essa vontade, muitas e frequentes são as ocasiões que não se tem a capacidade de explicar a necessidade das transformações, a forma como devem ser feitas e a capacidade para gerir e implementar definitivamente estas mudanças.
Uma vez que as alterações dos padrões sociais, culturais e económicos das sociedades são cada vez mais frequentes e rápidos, é necessário que as tomadas de decisão e implementação também o sejam, o que nem sempre acontece, e em certos casos tenha efeitos catastróficos.

Num mundo cada vez mais global, a tendência é a de os padrões das sociedades se fundirem. Hábitos e costumes que se partilham. Ora isso em sociedades mais fechadas pelo poder governamental costuma ter efeitos adversos. Surgem de uma vontade do poder em não abrir a sociedade para melhor a controlar, mas por outro lado cria nas populações um desejo de alcançar melhores condições de vida e de trabalho bem como o acesso novos bens e tecnologias.

Se era mau quando havia uma crise num país ou entre alguns países, imaginem o que pode acontecer quando a crise é também ela global. Imaginem ainda que em vez de uma crise económica, temos várias crises, económicas, financeiras, sociais, culturais e religiosas num só pacote? Poder-se-à chamar um pacote catastrófico.

Os sinais já começaram a aparecer por todo lado.
Crise imobiliária nos EUA, crise financeira na Europa, crise das dívidas soberanas, na zona euro, crise económica por todo mundo ocidentalizado, revoluções na Tunísia, Bangladesh, Egipto, líbia, Turquia, Grécia, Brasil. Guerras civis na líbia e na Síria. Manifestações populares em todos os países mais afectados pela crise económica opondo-se às mudanças e reformas estruturais impostas pelos governos devido à insustentabilidade das dívidas públicas dos países.
É de notar que, se nuns países as manifestações populares se dão devido ao corte de direitos adquiridos, noutros todavia estas se dão pela falta completa de direitos. E é neste ponto em particular que na minha modesta e leiga opinião vai ser mais difícil obter um ponto de equilíbrio por forma a harmonizar o planeta. A não ser que haja um retrocesso civilizacional e alguns países passem à submissão de outros através da força por meio de embargos e guerras, o que não sendo de excluir não me pareça viável, porque o principal factor de rotura neste momento e que desencadeia as actuais crises, jamais permitiria que isso acontecesse. A ser assim, a globalização económica primeiro e depois a cultural, social e até quem sabe política é uma inevitabilidade. Tudo isso será acompanhado de uma extraordinária evolução tecnológica e científica, o que tende a que a religião vá perdendo influência na vida das pessoas de forma progressiva, e este não é um factor de menor importância, uma vez que a religião continua a ter muito poder na decisão das pessoas e mesmo no controle político de muitos países.

Mas qual a verdadeira causa de tudo isto? As respostas nunca são simples, mas existem e estão à vista de todos.

Ao longo da história foram diversos os tipos de organização política e social que geriu a humanidade. As alterações tiveram quase sempre dois factores. Crescimento demográfico e evolução tecnológica e científica. Temos o melhor exemplo disso na revolução industrial e todas as alterações de regimes político, administrativo e ideológicos causados pelo súbito desenvolvimento tecnológico e subsequente crescimento demográfico que tudo isso implicou. Também nessa altura houve revoluções e guerras. Muitas guerras, e algumas das quais duraram até há bem pouco tempo.
Da revolução industrial saíram por oposição e ponto de equilíbrio duas ideologias principais, que vieram substituir o velhinho feudalismo e seus derivados. Capitalismo e mais tarde a social democracia por um lado e o comunismo e socialismo por outro. Ambos os sistemas evoluíram ao longo do tempo. Não sendo nenhum perfeito, ambos têm fraquezas que se foram equilibrando um ao outro como dois bêbedos. E como bons bêbedos, acabam sempre por cair os dois. Uma vez que precisam um do outro para se equilibrarem, quando um cai o normal é que o outro vá atrás. E foi exactamente o que aconteceu. Mas ao contrário do que muita gente pensa ou quer fazer pensar, que o comunismo caiu com a queda do muro de Berlim, eu não partilho dessa ideia, uma vez que dessa forma ficava um a rir-se do outro estatelado no chão. Na minha modesta e leiga opinião, ambos caíram agora. Estão em coma alcoólico profundo desde 2008, ligados ao ventilador têm os dias contados. É definitivo. Vão morrer os dois. É só uma questão de tempo, a doença é fatal, incurável e está em fase terminal.
Porquê?
Simples. Um, não existe sem o outro. E o outro não tem mais sustentabilidade para sobreviver. Eu explico. O comunismo/socialismo, só consegue sobreviver se tiver quem o sustente. É um sistema de parasitismo. Se o parasita não tiver onde e como se alimentar, morre. Tão simples quanto isto. Ora o capitalismo é quem sustenta o comunismo, mas só pode alimentar o outro depois de ele próprio comer. Isto pressupõe que produza mais alimentos do que realmente precisa. Acontece que para isso devora mais do que precisa. E começa a engordar. É como um balão. Engorda tanto que explode. Quando explode o seu amigo morre com ele.
Adaptando a metáfora.
Ao longo do tempo os regimes autoritários foram caindo. Deram lugar a democracias. A maior parte destas adoptaram sistemas mistos, o capitalismo evolui para social democracia e o comunismo para um socialismo aburguesado. Como democracias, estes regimes escolhem os líderes por meio de eleições. Para ganhar eleições fazem promessas. Têm de dar coisas às pessoas para conquistar o seu voto. Mas para dar coisas é preciso te-las. É preciso gerar riqueza para redistribuir. Por um lado o capitalismo gera riquezas, por outro lado o socialismo redistribui. Numa primeira fase isto funciona muito bem . As pessoas ganham poder de compra e alcançam melhores padrões de vida, mais conforto, mais saúde, mais educação. Aquilo que era em primeiro lugar uma mais valia rapidamente se tornou num direito adquirido. Mas não ficamos por aqui. Continua a haver eleições. É preciso prometer e dar mais. Logo é preciso produzir mais.
Basicamente estamos perante um sistema que se auto sustenta baseado numa condição. A do crescimento económico. E é precisamente aqui que está o problema.
Os países precisam de continuar a crescer indefinidamente para poderem suportar os níveis de vida e os direitos adquiridos dos cidadãos. O problema surge quando os índices de crescimento descem. O que fazer? Recorre-se à divida, pede-se emprestado. E quem empresta? Países e investidores com poupança. Países que se desenvolvem e crescem rapidamente com o objectivo de atingir níveis de vida e bem estar de outros mais desenvolvidos, aqueles que pedem emprestado. Pelo meio há ainda outro tipo de países, que não têm crescimento mas aspiram a ter nível de vida melhor também, muitos desses países até têm riquezas e as populações não compreendem porque não podem ter o mesmo nível de desenvolvimento que outros mais ricos já têm, e que de certa forma cresceram à custa dos recursos explorados aos mais pobres, acentuando os desequilíbrios entre si .

Ora todo este crescimento económica e consequente melhoria das condições de vida e de trabalho originam um extraordinário aumento da necessidade de recursos. Energia e matérias primas.
Como sabemos, neste momento o planeta (é mais o ser humano enquanto espécie animal e o seu respectivo habitat), já enfrenta sérios problemas ambientais que colocam em risco o equilíbrio dos ecossistemas devido precisamente à exploração de recursos naturais como fonte de matérias primas e de energia, bem como a ocupação de territórios com o aumento demográfico e industrial.
Ora, se tivermos em conta que somente uma quinta parte da população mundial atingiu níveis de desenvolvimento elevados, o chamado mundo ocidentalizado, e que os outros quatro quintos aspiram e com toda a legitimidade iguais padrões de vida, e que isso pressupõe um aumento proporcional da exploração de recursos, é fácil chegar à conclusão que o planeta dificilmente terá capacidade de fornecer tais recursos.
Sendo assim, é de prever que ou os modelos de organização social, económica e política mudam, ou o resultado vai ser o aparecimento de mais revoltas e guerras e subsequentes crises.

O futuro terá de passar certamente por uma mudança profunda no paradigma económico. Os países não detêm todos a mesma variedade e quantidade de recursos. Por isso a solução tem de ser uma política comum de potenciar os recursos de cada um num contexto global, que vise não um crescimento económico consecutivo e constante, pois o crescimento de uns potencia o afundamento de outros, mas antes um equilíbrio equitativo e sustentado da exploração dos recursos globais para o bem estar global, baseado numa dinâmica de investimento prioritário em educação e desenvolvimento científico e tecnológico.
Desenvolvimento científico e tecnológico esse que deverá essencialmente procurar dotar a humanidade de meios que visem aproveitar recursos de forma mais eficaz e sustentada, e que permitam potenciar a partilha de sinergias entre países e regiões.
Desta forma, o objectivo primordial das empresas deixará de ser a obtenção do lucro, passando este a ser visto apenas como forma de financiar o estudo e a investigação científica, passando a ser um ponto de agregação e equilíbrio social.